Professores denunciam prefeitura de Valparaíso por retorno de aulas presenciais sem segurança – Mais Brasília
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Professores denunciam prefeitura de Valparaíso por retorno de aulas presenciais sem segurança

De acordo com os professores, os servidores da Educação ainda não receberam a segunda dose da vacina

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Professores da rede pública de ensino em Valparaíso denunciam despreparo da gestão do prefeito Pábio Mossoró (MDB) ao anunciar, nesta última segunda-feira (2/7), sem nenhuma medida sanitária adotada, a volta às aulas presenciais, por meio da emissão de portaria 099/2021, que prevê o retorno dos servidores da área de educação.

 

É importante dizer que 90% das escolas municipais não receberam nenhuma condição de adequação para a situação de retorno dos servidores e de toda a comunidade escolar, ou seja, não existe segurança epidemiológica, para os servidores e muito menos para os alunos para um retorno. Faltam totens de álcool em gel nas salas, nos ambientes, faltam tapetes sanitarizantes, faltam lavatórios, pias, absolutamente nada foi feito“, diz, em entrevista à imprensa local, o professor Jean Mourão, também secretário geral do SINDSEPEM/VAL (Sindicato dos Servidores Públicos e Empresas Públicas do Município de Valparaíso.

 

De acordo com o professor, os servidores da Educação ainda não receberam a segunda dose da vacina contra a Covid-19, medida condicionante adotada por todo o país para a determinação segura a volta às aulas presenciais.

 

É uma situação caótica, que só demonstra, né? Que só demonstra uma atitude criminosa né? De uma secretaria que não está pensando nos seus servidores, porque ninguém tomou a D2, ninguém está com a D2 no braço, ninguém está vacinado com a 2ª dose (da vacina)“, avalia o professor.

 

Além de denunciar a falta de adotação das medidas sanitárias para o retorno seguro das aulas presenciais e revelar que a prefeitura de Valparaíso coloca em risco à sociedade, pais, alunos e servidores, exigindo imediato retorno às aulas presenciais, sem aplicar a segunda dose da vacina nos servidores, o professor Jean Mourão também denuncia as condições físicas das escolas da rede pública municipal da cidade de Valparaíso.

O servidor argumenta que a prefeitura faz maquiagem da qualidade da Educação em peças publicitárias. Mas que, na realidade, em diversas escolas, o que existe são telhados quebrados, infiltração, instalações elétricas defeituosas, infestações de pombos, caixa d’água tombando e até sem água, sendo abastecidas por caminhão pipa.

 

E fora isso que muitas escolas estão sem condição, física até, como é o caso da Escola Municipal Ayrton Senna, que é uma escola que em seu prédio principal nem água encanada tem, (eles) recebem água de carro pipa, né? E não é verdade que o bairro não possui água encanada, os condomínios possuem água encanada, o anexo (da escola) recebe água encanada, lá existe uma situação que a caixa d’água está quase tombando e arriando, existe uma questão de infestação de pombos e consequentemente piolho de pombos, fezes de pombos, então é uma situação precária na maioria das escolas municipais“, relatou o professor.

 

A maquiagem da realidade citada por Jean Mourão faz parte da criação de uma Comissão intersetorial, formada por secretarias municipais de Educacão e Saúde, Vigilância Sanitária, Sindicato e que, de acordo com os servidores, não funciona.

 

Nós nunca tivemos nem temos até hoje EPIs, não houve e não há nenhuma única providência do governo e nem da comissão fantasma, de ninguém. Passaram o ano passado (2020) inteiro preocupados com eleição e agora não conseguem fazer nada (em 2021) porque têm que desfazer o estrago que fizeram e agora quem paga somos nós (professores) e os alunos que, ou ficam mais tempo sem aula, ou são jogados em escolas sem nenhuma segurança em todos os sentidos“, disse uma professora, que não quis se identificar. E acrescentou: “Se a gente fala alguma coisa, eles transferem a gente para bem longe“.

 

O dirigente sindical ainda afirmou à reportagem que os professores querem voltar às salas de aula, mas que precisam de garantias de segurança:

 

Por fim, é importante destacar que é do interesse de todos os servidores públicos municipais (da educação) retornarem ao seus locais de trabalho, cumprirem com excelência com suas funções, com os seus trabalhos, colaborando com o crescimento, com o desenvolvimento da cidade, porém, é necessário por uma questão de respeito à vida, que todos recebam a D2, a dose 2 da vacina, que seja respeitado aí os 15 dias para o efeito da vacina, e que seja cumprido por parte do governo todas as condições sanitárias, o mínimo de condições sanitárias, para um retorno seguro nos locais de trabalho da rede municipal de educação de Valparaíso“, ressaltou Jean Mourão.

Questionada sobre as denúncias de negligência, a prefeitura não retornou à redação até o fechamento deste conteúdo.

A redação entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Valparaíso e também com a secretaria municipal de Educação, que respondeu por meio de uma nota:

As escolas não estão totalmente ajustadas para o momento de retorno e não há nenhuma data já preestabelecida para tal, porque estamos justamente no momento de planejamento para que possamos chegar ao máximo de proteção que esperamos para toda comunidade escolar.

No entanto, as Gestões Escolares foram orientadas para o acolhimento dos
Professores, adaptando esse retorno conforme realidade de cada comunidade
escolar, considerando todas as orientações dos Órgãos de Saúde e tudo o que foi aprendido sobre higiene e precauções específicas contra o Coronavírus nesses meses todos de caos pandêmico, o que nos traz mais tranquilidade de um trabalho
assertivo, cuidadoso e pontual; rumo à vida nova que estamos construindo para o contexto educacional.