Bares ficam lotados em 1º fim de semana sem restrições contra a Covid em SP – Mais Brasília
FolhaPress

Bares ficam lotados em 1º fim de semana sem restrições contra a Covid em SP

Um dos principais points da boemia paulistana, a Vila Madalena, na zona oeste da capital, estava com estabelecimentos lotados

Foto: Divulgação

Parecia uma cidade livre da Covid. Calçadas aglomeradas e bares abarrotados, com muita gente circulando sem máscara, marcaram o primeiro fim de semana em São Paulo sem as regras de restrição de horários para estabelecimentos e para o público.

Um dos principais points da boemia paulistana, a Vila Madalena, na zona oeste da capital, estava com estabelecimentos lotados. Muita gente, a maioria jovens, circulava entre os bares sem o uso de máscara.

Na esquina das ruas Inácio Pereira da Rocha com a Mourato Coelho, uma multidão se aglomerava, quase toda sem máscara, desde o começo da noite de sábado (21) até a madrugada de domingo (22/8).

Ao acessar as ruas mais movimentadas do bairro, a imagem que se via era ainda de mais aglomeração. Dentro e fora dos bares, a clientela ignorava as normas básicas de segurança.
Não havia distanciamento social entre as pessoas, poucas delas usavam máscaras e regras básicas de higiene, como o uso de álcool em gel, eram ignoradas por muitos. Até mesmo nos estacionamentos do bairro era comum ver manobristas, num entre e sai frenético de veículos, sem usar a máscara de proteção.

Na última terça-feira (17), o governo decretou o fim das medidas de restrição de ocupação e horário para comércios e serviços no estado de São Paulo depois de aproximadamente um ano e cinco meses de limitações impostas para combater o coronavírus na região mais rica do país.

A liberação ocorreu antes que a maioria da população do estado estivesse imunizada com as duas doses da vacina contra a Covid-19, o que gerou críticas por parte de especialistas.
“Não tomei ainda nenhuma dose da vacina, mas tomarei em breve”, disse o estudante Valmir Faria, 19, morador de Perdizes (zona oeste). Ele estava com um grupo de cinco amigos, todos na mesma faixa etária. Nenhum deles usava máscara. “Esqueci a minha no carro, mas a gente está de boa, vamos evitar ficar perto da muvucada”, disse.

Detalhe: ele e os amigos transitavam naquela que é considerada a esquina mais badalada do bairro, entre as ruas Aspicuelta e Mourato Coelho.

Naquela hora, por volta das 23h30 de sábado (21), tantos os estabelecimentos quanto as calçadas estavam apinhadas de gente.

Embora o governo do estado tenha acabado com as restrições de ocupação e de horários, segue valendo a recomendação para que aglomerações sejam evitadas por meio do distanciamento social entre as pessoas, assim como para que as pessoas continuem usando máscara de proteção obrigatoriamente. De acordo com o governador, João Doria (PSDB), a obrigatoriedade deverá seguir em todo o estado até 31 de dezembro, inclusive em espaços abertos.

Fiscais da prefeitura, muitos com a máscara no pescoço, outros tantos sem, circulavam pela Vila Madalena para coibir a ação de ambulantes. Questionados pela reportagem sobre as aglomerações e o vaivém de pessoas sem máscaras, informaram, sem se identificarem, que não caberia a eles reprimir ou orientar o público.

Passava da 1h, e muitos bares continuavam de portas abertas. Na rua Wizard era difícil passar de carro por alguns pontos porque os frequentadores, além de dominarem as calçadas, não satisfeitos, tomaram parte da rua.

Na região central, o quarteirão inteiro da Peixoto Gomide, entre a Augusta e a Frei Caneca, estava apinhado de frequentadores, abastecidos por ambulantes que ali circulavam livremente. Tanto os vendedores clandestinos quanto o público, quase ninguém ali usava máscara.

A “festa” seguiu até de madrugada. Eram 2h15, e ainda havia muita gente circulando, sem máscara.

Apesar de muitos bares aparentemente terem fechado as portas por volta da 1h, a venda de bebida seguia e, com ela, as aglomerações, principalmente na adjacência da rua Cesário Mota Júnior e na praça Roosevelt.

“Está quente demais, não aguentei ficar em casa”, disse a vendedora Sueli Costa, 43. “Desci para dar uma arejada na cabeça, mas estou voltando para casa. Fiquei assustada com a quantidade de pessoas. Está todo mundo andando por aí sem máscara. Por acaso a pandemia acabou?”

Sueli encerrou a noite, mas boa parte do público permaneceu ali nas escadarias da praça bem depois das 2h.

A gestão Doria informou que, pela primeira vez na pandemia, nenhum município do estado atingiu o índice de 100% de ocupação das UTIs dedicadas à Covid-19.

O avanço da variante delta do coronavírus, considerada mais transmissível, com casos crescentes no estado mais populoso do país, segue preocupando os infectologistas.

Por Roberto de Oliveira