Casal negro é agredido em área de loja do grupo Carrefour na BA – Mais Brasília
FolhaPress

Casal negro é agredido em área de loja do grupo Carrefour na BA

O vídeo, que repercutiu nas redes sociais, mostra o casal encostado a uma parede sendo interrogado por homens

Foto: Reprodução

Um casal negro foi agredido após supostamente tentar furtar sacos de leite em pó em um supermercado Big Bom Preço em Salvador. Dono da rede, o grupo Carrefour diz que rescindiu contrato com a empresa de segurança e denunciou as agressões.

O vídeo, que repercutiu nas redes sociais, mostra o casal encostado a uma parede sendo interrogado por homens -que não aparecem nas imagens- e levando tapas nos rostos. A mulher, que se identifica como Jamile, diz que pegou o produto por causa de sua filha. O vídeo parece ter sido feito pelos próprios agressores.

Os homens não chegaram a chamar a polícia nem denunciar o suposto crime: a Polícia Militar diz que não foi acionada e a Polícia Civil informou que não houve qualquer registro. Afirmou, porém, que após ver os vídeos, abriu investigação sobre as agressões.

Menos de um ano após assinar acordo com a Justiça para encerrar ações sobre espancamento de um cliente negro em Porto Alegre, o Carrefour disse em nota não compactuar com as agressões. “É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime.”

A empresa diz que, pelas imagens, consegue identificar que o agressor não é funcionário da loja. Mas, como a situação ocorreu na área externa do estabelecimento, decidiu demitir a liderança e a equipe de prevenção da loja e rescindir contrato com a empresa de segurança responsável pela área.

“Assim que tomamos conhecimento do caso lamentável, empenhamos de forma imediata todos os esforços para apurar o ocorrido e tomar todas as medidas cabíveis”, afirmou o Carrefour, que diz ter ido à polícia polícia denunciar os autores por agressão e lesão corporal.

“No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem. Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências”, disse.

“Assumimos a nossa responsabilidade e tomamos medidas rápidas e duras”, completa o texto enviado pela companhia. O Carrefour diz que procura as vítimas para pedir desculpas e “oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário”.

Em 2020, seguranças de um supermercado da rede em Porto Alegre espancaram até a morte um homem negro que fazia compras com a esposa. João Alberto Silveira de Freitas, conhecido como Beto Freitas, foi agredido com chutes e socos por mais de cinco minutos, foi sufocado e não resistiu. A agressão foi registrada em vídeo.

O caso ganhou repercussão nacional, principalmente, porque ocorreu às vésperas do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, e foi marcado por protestos em várias cidades do país. A Justiça gaúcha decidiu que os seis acusados do crime irão a júri popular.

Em 2021, o Carrefour fechou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com a Justiça, com o compromisso de investimentos de R$ 115 milhões em ações de combate ao racismo, evitando eventuais demandas judiciais pelo caso.

Como parte do acordo, se comprometeu a estabelecer um plano antirracista e reforçar seus canais de denúncias –a efetividade do canal será verificada anualmente por auditores independentes.

A empresa se comprometeu ainda a implementar política prevendo que empregados próprios terão perfil e treinamento com ênfase no acolhimento de clientes e valorização de direitos humanos, além de fomentar e priorizar a representatividade da população brasileira em gênero e raça em suas contratações.

Em outra ação, terá que destinar R$ 68 milhões para o pagamento de mais de 800 bolsas de estudo e permanência para pessoas negras em instituições de ensino superior de todo o Brasil.

Por Nicola Pamplona