Casos de miopia podem atingir 50% da população mundial até 2050, diz levantamento

Médicos identificaram aumento de miopia em crianças durante a pandemia de Covid-19

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a miopia como uma das maiores epidemias do século XXI. Segundo a American Academy of Ophthalmology, se nada for feito para barrar o aumento dos casos, 50% da população mundial terá a doença até 2050. E a pandemia de Covid-19 impactou na alta de casos.

De dez médicos entrevistados em um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), sete identificaram aumento de miopia em crianças durante o período. Um dos fatores que têm influenciado no crescimento de casos é que as telas (celular, TV e computador) tornaram-se melhores amigas das crianças nos últimos anos, principalmente durante o distanciamento social.

As últimas gerações têm passado horas na frente de eletrônicos. Sinônimo de diversão e passatempo, 65% das crianças em isolamento social se mostram viciadas em dispositivos, indica estudo realizado em Jaipur, na Índia.

O novo hábito alerta sobre os riscos à saúde dos pequenos, como a incidência da Síndrome Visual do Computador, causada pelo esforço muscular de “olhar de perto”.

“Essa síndrome ocasiona a miopia, fenômeno causado pelo uso excessivo da visão de perto. E na pandemia, intensificou por falta da exposição à luz natural e diminuição da circulação de ar livre. A ocorrência em jovens teve um aumento de 40% e o principal causador desse número é apontado como uso exagerado de computadores e celulares”, alerta a médica oftalmopediatria do CBV Hospital dos Olhos, Karla Delalibera.

Dado divulgado pela revista Lancet analisou jovens com idade entre 5 e 18 anos. “É importante ressaltar que nos próximos anos esses números podem ser ainda maiores, já que os pequenos são induzidos ao uso de dispositivos eletrônicos desde muito novos”, ressalta a médica.

Isolamento social

Ainda, segundo estudo feito por pesquisadores chineses, houve uma mudança significativa nos casos de miopia em crianças entre 6 e 8 anos durante o isolamento por conta da Covid-19. O dado traz um aumento de três vezes mais incidências do que em anos anteriores.

A preocupação é devido ao período de desenvolvimento da visão das crianças. A longo prazo podem surgir problemas oftalmológicos mais graves, inclusive quando adultos. Entre eles, glaucoma e até descolamento de retina.

“Quando os pequenos focam nas telas a uma distância curta e por muito tempo, o globo ocular é estimulado e as informações recebidas com a luminosidade trazem consequências”, explica Karla Delalibera.

“Os pais precisam controlar o tempo exposto em dispositivos eletrônicos. Além disso, é importante visitar o oftalmologista para acompanhamento pelo menos uma vez ao ano para evitar futuros problemas”, orienta a especialista.

Outro fator alarmante é que o problema de saúde, se não tratado, pode atrapalhar as crianças na vida escolar. A pesquisa do Instituto Penido Burnier em Campinas constatou que, após os alunos usarem óculos por um ano, os professores observaram melhora no rendimento escolar de 50%, a concentração de 57% também teve crescimento e 38,2% ficaram menos agitados.

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