Editor do Intercept é ameaçado na rua durante férias com a família

Jornalista passeava em Balneário Camboriú com a esposa e o filho quando foi abordado por desconhecido

O editor-executivo do site The Intercept Brasil, Leandro Demori, foi ameaçado enquanto passeava com a família em Balneário Camboriú (SC), onde passava férias.

O jornalista andava pela rua quando foi abordado pelo desconhecido, no domingo (9/01). O homem havia seguido a família desde a saída de um mercado.

“Imagens do momento em que o cidadão me aborda em Balneário Camboriú -junto com minha família- para me ameaçar dizendo pra eu ‘me ligar’ porque ‘a vida do meu filho depende de mim'”, escreveu Demori ao compartilhar um vídeo nas redes sociais.
Após ameaçar o jornalista, o agressor fugiu.


“Estou em férias. O meliante, um clássico ‘cidadão de bem’, achou por bem perseguir e intimidar um pai e uma mãe que passeavam distraídos com uma criança de 3 anos em um carrinho de bebê. Estamos bem, depois do susto”, disse.

Também nas redes, Demori agradeceu o apoio que recebeu. “Agradeço imensamente o apoio de todos que se manifestaram em solidariedade. Não podemos, nós como jornalistas e como sociedade, deixar que pessoas como essa cruzem a linha da civilidade e das leis. A punição precisa ser exemplar para que algo pior não aconteça no futuro”.

Demori sofre ameaças desde o caso que ficou conhecido como Vaza Jato. O jornalista contribuiu com a série de reportagens sobre o vazamento de áudios da operação Lava Jato.

Mensagens vazadas do Telegram de procuradores, obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas também por outros veículos de comunicação, expuseram a proximidade entre os membros da força-tarefa e o juiz Sergio Moro. Os diálogos foram interpretados como sinal de parcialidade do juiz e de desvios dos membros do Ministério Público Federal.

Em nota, a Abraji ( Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo ) afirmou que repudia com veemência a ameaça sofrida por Leandro Demori, ocorrida em um momento de fragilidade, quando o jornalista estava ao lado da esposa e do filho pequeno.

“O trabalho jornalístico está sujeito ao escrutínio da sociedade, mas é preocupante a escalada da agressividade direcionada aos profissionais em razão do trabalho que realizam de informar, apurar e fiscalizar o poder público, as figuras de interesse público e as instituições”.

A entidade, ainda no texto, reconhece que a PM foi rápida em identificar o suspeito e afirma esperar que todo o caso seja apurado com “rigor e rapidez” em Santa Catarina.

“A entidade se solidariza com Demori e sua família e com os profissionais de imprensa que têm sofrido ataques por seu trabalho, sejam eles desferidos por agentes públicos do alto escalão ou por anônimos nas ruas”.

Por Tayguara Ribeiro

 

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