Em São Paulo, voluntários se mobilizam para proteger população em situação de rua do frio – Mais Brasília
FolhaPress

Em São Paulo, voluntários se mobilizam para proteger população em situação de rua do frio

O último Censo, em 2019, mostrou que 24.344 pessoas moram nas ruas da capital

São Paulo
Cidade de São Paulo/Foto: Henrique Oliveira

Os dias frios previstos para esta semana -nesta sexta-feira (30) os termômetros deverão registrar mínima de 3ºC em São Paulo- são mais uma preocupação para quem não tem um teto para morar, alimentação e agasalhos.

Na capital paulista, voluntários de projetos e entidades que atendem a população mais vulnerável estão se mobilizando para proteger quem mais precisa nos dias gelados.

Nesta quarta-feira (28), o projeto Ruas sem Fome distribuiu, além de 80 marmitas e água mineral, cerca de 100 cobertores a quem está em situação de rua.

Segundo a advogada Taís Lopes, 37, uma das idealizadoras, o projeto nasceu em março de 2020. “Eu e os moradores do prédio nos demos conta de que, com o comércio fechado por causa da pandemia, a população de rua não tinha onde pedir água e comida”, disse.

Atualmente, o Ruas sem Fome tem cerca de 50 voluntários, entre vizinhos e amigos. A ação consiste na distribuição de marmitas para o jantar e água mineral às segundas, quartas e sextas.

“Eles ficam felizes e têm muita gratidão e pedem para Deus nos abençoar. É muito gratificante. As maiores lições quem tira somos nós. Eles são muito corretos. Muitas vezes, perguntamos se querem jantar e eles dizem que já jantaram e nos aconselham a dar para outra pessoa”, diz Taís.

O último Censo da População em Situação de Rua, com dados de 2019, mostrou que 24.344 pessoas moram nas ruas da capital. O de 2015 identificou 15.905.

Nesta quinta (29), a partir das 16h30, o projeto Sopão com Carinho, idealizado pela entidade beneficente de combate à fome, Ten Yad, fará a distribuição de 500 cobertores, 120 forrações e alguns alimentos, além das tradicionais sopas, para a população carente da região central.

A instituição serve e entrega mais de 2.500 refeições diariamente entre sua sede na área da cracolândia, no Bom Retiro e no Restaurante Bom Prato da Baixada do Glicério.

Segundo o rabino Berel Weitman, diretor do Ten Yad, o Sopão com Carinho é estendido a toda população carente, aos trabalhadores e não só a moradores em situação de rua.

“A intenção é amenizar o frio do inverno para quem já sofre com falta de moradia adequada, crise econômica e pandemia do coronavírus”, afirma Weitman.

Em abril de 2021, um grupo de amigos criou um saco de dormir impermeável e começou a distribuir para moradores em situação de rua.

O objeto, que foi batizado como casulo, ameniza o problema de quem passa frio nas ruas e também de costureiras que perderam o emprego e precisam trabalhar. Com a dupla função social como objetivo, nasceu o projeto Casulo pra Rua.

A primeira a se mobilizar foi a estilista Bibi Fragelli, moradora em Higienópolis. “Ela ficava muito incomodada por dormir numa cama quentinha e as pessoas na calçada. Uma vez, chegou a ver uma grávida com a barriga direto no chão e decidiu fazer algo”, conta o jornalista Renato Levi, que também faz parte do projeto.

Amigos foram convidados e aderiram ao movimento. Após decidirem sobre o melhor tecido e material, o grupo deu forma ao que foi denominado casulo: um saco de dormir leve, impermeável, à prova de chuva, fácil de lavar e bem quentinho.

Ao modelo foi acoplado um travesseiro que fica preso no saco como uma mochila escondida, permitindo que a pessoa guarde suas coisas.

Outra funcionalidade é a possibilidade de o casulo ser dobrado e transformado numa bolsa.

Até o momento, foram produzidos cerca de 2.200 casulos para São Paulo, mas a ideia se espalhou para muitos estados.
A mão de obra vem do coletivo de mulheres trans e de algumas moradoras da ocupação Nove de Julho, mas é uma corrente que não tem fim e visa atender costureiras em situação de vulnerabilidade e que perderam o emprego.

“Elas são remuneradas de forma justa e ganham muito mais do que se trabalhassem num ramo de confecção normal”, afirma Levi.

As costureiras podem trabalhar em casa, se não fizerem parte de nenhuma entidade que possua oficina, mas devem ter acesso a uma máquina de costura industrial.

O Casulo pra Rua vive de doações. O custo unitário é de R$ 158. Há voluntários que não têm dinheiro para a produção dos casulos, mas doa o tempo. Eles saem às ruas e fazem a distribuição.

O Casulo pra Rua continuará com as ações mesmo após o inverno e por isso as parcerias são bem-vindas. O Padre Júlio Lancellotti, a Cruz Vermelha e o Instituto Votorantim procuraram o projeto, que já reúne mais de 2.000 doadores.

 

COMO AJUDAR

Ruas sem Fome: instagram @ruas_sem_fome
site: https://sharity.com.br/moradores-de-rua-sem-fome

Sopão com Carinho: www.sopaocomcarinho.com.br

Casulo pra Rua: instagram @casuloprarua, pix 55369060/0001-78
Itaú agência 0073 conta 50437-5 (Panda Produções Artísticas)