Executivo é chamado de 'negão' em reunião, rompe contrato e processa empresa – Mais Brasília
FolhaPress

Executivo é chamado de ‘negão’ em reunião, rompe contrato e processa empresa

Quando o contrato foi encerrado, segundo o executivo, ele já tinha desembolsado R$ 400 mil

Foto: Reprodução

O diretor de tecnologia Juliano Pereira, 37, está processando a Optat Consulting e a multinacional Oracle por injúria racial após ser chamado de “negão” em uma reunião por vídeo.

Sócio-diretor da Proz Educação, Pereira conta que negociava a implementação e os custos de um projeto no final de outubro do ano passado. Segundo o executivo, após uma hora de conversa sem acordo, ele expôs sua perda de confiança na parceria e a intenção de contar o ocorrido para outros parceiros.

“Eu encerrei a reunião na hora. Falei que era inaceitável esse tipo de tratamento e disse que o contrato estava cancelado”, afirma Pereira.
O contrato da Proz com a Optat para implantar um software da Oracle era de R$ 1 milhão e duraria três anos.

Quando o contrato foi encerrado, segundo o executivo, ele já tinha desembolsado R$ 400 mil.
“Até hoje estou sem o sistema. Mas quero que sirva de caráter pedagógico, de jurisprudência. Hoje, uma empresa ser racista no Brasil não custa nada. Não quero que meu filho, de três anos, também passe por isso na sua vida profissional”, diz.

As ações contra o representante da Optat Consulting e Oracle pedem indenização de R$ 50 mil, cada uma.
O diretor de tecnologia acusa a Oracle de não ter tomado nenhuma providência contra a empresa de consultoria. “Formalizei a denúncia, questionando o código de ética da Oracle. Abriram uma auditoria interna e nada. Pedi a gravação da reunião, e disseram que não haviam gravado”, afirma Pereira.

Procurada, a Oracle não se manifestou até o momento. Matheus Mason Adorno também não respondeu.
A Optat Consulting diz que “responderá ao processo para o restabelecimento da verdade dos fatos e ingressará com as medidas judiciais cabíveis”.

Em nota, a empresa de consultoria “lamenta que o sr. Juliano Pereira tem usado de uma causa tão séria e nobre, que é o combate ao racismo, para promover vingança por questões contratuais e financeiras”.

“Causa grande estranheza um fato que ocorreu há mais de oito meses vir à tona somente agora, com falsas acusações e fatos distorcidos. Ora, se ele tinha todas as provas, por que não ingressou criminalmente contra a pessoa que supostamente o injuriou logo após o acorrido? Por que somente agora processou a empresa por danos morais?”, afirma a Optat Consulting.

Por Ana Paula Branco