Filhos de Flordelis são julgados no RJ pela morte do pastor Anderson do Carmo – Mais Brasília
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Filhos de Flordelis são julgados no RJ pela morte do pastor Anderson do Carmo

Flordelis está presa desde agosto do ano passado

Foto: Reprodução

Começou na manhã desta terça-feira (12/4) em Niterói (RJ) o julgamento de cinco suspeitos de participação na morte do pastor Anderson do Carmo, assassinado a tiros em 2019 na casa onde morava com a então deputada Flordelis, com quem era casado.

Ela está presa desde agosto do ano passado acusada de ter arquitetado a morte do marido. A pastora diz, porém, ser inocente e que os promotores que a acusam trabalham para desconstruir sua imagem “como ser humano, como pastora”.

Dos cinco acusados, três são filhos da pastora: Adriano dos Santos (filho biológico de Flordelis), André Luiz de Oliveira e Carlos Ubiraci Francisco da Silva (filhos afetivos). O ex-PM Marcos Siqueira Costa e sua esposa Andrea Santos Maia também estão sentados no banco dos réus. Folha não conseguiu contato com a defesa dos acusados.

Já o julgamento de Flordelis está marcado para o dia 9 de maio, quando a ex-deputada será levada a júri popular. Além dela, serão julgadas a filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta Rayane dos Santos Oliveira e a filha afetiva Marzy Teixeira da Silva.

A defesa de Flordelis irá apostar em duas estratégias para tentar enfraquecer as acusações contra ela. A primeira é tentar lançar dúvidas sobre o depoimento dos filhos que a acusam de ter matado Anderson do Carmo.
“Existem muitos filhos e a maioria diz que ela não é culpada. Nós acreditamos que esse núcleo de filhos [que acusam Flordelis] tem interesses que ainda não foram revelados”, diz Janira Rocha, advogada de Flordelis, quando chegou ao julgamento desta terça.

A segunda estratégia é usar a tese de que Anderson submetia Flordelis e suas filhas a uma rotina de abusos, inclusive sexuais.
“A defesa das acusadas quer levantar algumas questões centrais que, se forem elucidadas, vão demonstrar no próximo júri onde estão as responsabilidades e vai demonstrar a que interesse se serve esconder questões relacionados aos abusos sexuais, emocionais e patrimoniais que foram praticados”, diz ela, que também representa Rayane dos Santos e Marzy Teixeira.

A defesa dos familiares do pastor, no entanto, refuta essa tese. “Todas as mulheres da casa foram ouvidas em sede policial e nenhuma delas reclamou de abuso sexual”, disse o assistente de acusação, Ângelo Máximo.
“E, se houve abuso sexual, a Flordelis é responsável então por omissão. Que mãe é essa que sabe de abuso sexual na casa de suas filhas e não faz nada?”
Flordelis está presa desde o dia 13 de agosto sob a acusação de ser a mandante do crime. Anderson foi morto aos 42 anos com mais 30 tiros na casa onde morava com a pastora e dezenas de filhos. Segundo a polícia, o crime foi motivado por insatisfação com a maneira como ele administrava a vida financeira da família.

A ex-deputada foi presa dois dias após a Câmara dos Deputados ter cassado o seu mandado. Foram 437 votos a favor da cassação e 7 contrários, com 12 abstenções, em votação aberta -eram necessários ao menos 257 votos favoráveis para a cassação ser aprovada. Ela também foi expulsa de seu partido, o PSD.

Além de homicídio triplamente qualificado -por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima-, ela responde por tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Em novembro do ano passado, dois filhos da pastora foram condenados por envolvimento na morte de Anderson.

Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da ex-deputada, acusado de disparar os tiros que mataram Anderson, foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, porte ilegal de arma, uso de documento ilegal e associação criminosa armada.
Já Lucas Cézar dos Santos de Souza, que teria ajudado a comprar a arma do crime, segundo o Ministério Público do Rio, foi condenado a sete anos e meio por homicídio triplamente qualificado. Sua pena foi reduzida por ter colaborado com as investigações.

Por Mateus Rocha