Petrobras abandona paridade de importação nos preços dos combustíveis – Mais Brasília
FolhaPress

Petrobras abandona paridade de importação nos preços dos combustíveis

Estratégia comercial tornará Petrobras mais eficiente

Bombas de combustível em posto de gasolina
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

A Petrobras divulgou, nesta terça (16), sua nova política de preços de combustíveis, em substituição à PPI (paridade de importação), que definia reajustes da gasolina e do diesel com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos.

O novo modelo deixa de considerar o custo de importação e mira a busca por clientes e o custo de oportunidade de venda dos produtos, como já vinha sinalizando o presidente da estatal, Jean Paul Prates. A expectativa é que contribua para reduzir os preços no país.

A Petrobras não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados e diz que os reajustes continuarão sem periodicidade definida, “evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.

Em comunicado, Prates repetiu que a estratégia comercial tornará a Petrobras mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados com seus concorrentes.

“Vamos continuar seguindo as referências do mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país”, afirmou.

Pouco após o anúncio da Petrobras, a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou um convite para Prates falar sobre o tema. A audiência pública ainda não tem data. O pedido foi feito pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), mas contou com o apoio de Rogério Carvalho (PT-SE), ex-colega de bancada de Prates no Senado.

A política do PPI foi implantada no governo Michel Temer, como estratégia para blindar a estatal contra ingerências políticas após um período de represamento de preços que trouxe grandes prejuízos à companhia durante a campanha para a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.

Seus críticos, porém, diziam que a política penalizava o consumidor ao repassar para o mercado interno custos como o transporte dos combustíveis até o país e as volatilidades do mercado internacional de petróleo.

No comunicado distribuído nesta terça, a Petrobras defende que a nova política “mantém um patamar de preço que garante a realização de investimentos previstos no Planejamento Estratégico, sob a premissa de manutenção da sustentabilidade financeira da companhia”.

“A Petrobras reforça seu compromisso com a geração de valor e com sua sustentabilidade financeira de longo prazo, preservando a sua atuação em equilíbrio com o mercado”, completa a companhia.

Os reajustes continuarão a ser definidos por um grupo formado por dois diretores e pelo presidente da estatal, com acompanhamento do conselho de administração, que é hoje mais alinhado ao governo do que em gestões anteriores.

A empresa não divulgou uma fórmula de precificação dos combustíveis. Diz que os valores serão definidos com base nas alternativas de suprimento, ou seja, a concorrência, e no custo de oportunidade, isto é, por até qual valor a estatal poderia vender o produto.
Claudio Schlosser, diretor de Logística, Comercialização e Mercados, diz no comunicado que o modelo vai considerar a participação da Petrobras e o preço competitivo em cada mercado e região, a otimização dos ativos de refino e a rentabilidade de maneira sustentável.

O fim do PPI era promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), depois de um ano em que os preços dos combustíveis atingiram recordes históricos no país, em resposta à escalada das cotações internacionais após o início da guerra na Ucrânia.
Logo após o anúncio, Lula publicou em redes sociais um vídeo da época da campanha, no qual prometeu “abrasileirar” os preços dos combustíveis? “Alguém aí na sua casa ganha em dólar? Seu salário sobe quando o dólar sobe? Então porque a Petrobras está reajustando o preço da gasolina em dólar?”, questionava.

A mudança foi comemorada nesta terça por sindicatos que apoiaram a campanha do presidente da República. “Depois de quase sete anos assombrando o povo brasileiro, o pesadelo chega ao fim”, disse o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar.

Por Anelise Gonçalves e Nicola Pamplona