PIB de estados atrelados ao agro deve crescer mais na pandemia – Mais Brasília
FolhaPress

PIB de estados atrelados ao agro deve crescer mais na pandemia

Resultados já conhecidos vão até 2021

Foto: Reprodução

Com o avanço dos preços das commodities, parte dos estados mais atrelados ao agronegócio deve registrar crescimento maior do PIB (Produto Interno Bruto) ao longo da pandemia, indicam projeções da MB Associados.

Segundo a consultoria, Mato Grosso do Sul (4,9%), Tocantins (4,7%) e Goiás (4,5%) tendem a apresentar as altas mais intensas do PIB no acumulado de 2020 a 2022, na comparação com 2019, o ano anterior à crise sanitária.
“A gente viu um impacto importante da valorização das commodities na pandemia. É natural que isso puxe para cima as projeções em estados como esses”, avalia Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Em seguida, aparecem Pará e Espírito Santo, com estimativas de crescimento de 4% e 3,9%, respectivamente, no acumulado de 2020 a 2022.
“O Pará tem o impacto da atividade extrativa”, aponta Vale. “O Espírito Santo conta com uma base forte de celulose. Também há o efeito da valorização das commodities”, completa.

Os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre o PIB dos estados são referentes a 2019. A MB busca estimar o desempenho com a pandemia em curso nos anos seguintes.

No caso do PIB nacional, os resultados já conhecidos vão até 2021. Conforme o IBGE, o indicador despencou 3,9% no país em 2020. Após a queda no ano inicial da pandemia, houve alta de 4,6% em 2021.
Em 2022, a MB projeta uma estagnação do PIB nacional. Ou seja, a expectativa é de variação nula, de 0%.

Assim, pelos cálculos da consultoria, o indicador deve acumular um leve avanço de 0,5% entre 2020 e 2022, frente a 2019.
“Crescer 0,5% em três anos é quase nada. O cenário de 2022 é de uma economia ainda fraca no país. Isso vai impedir que os estados também tenham uma recuperação mais vigorosa”, afirma Vale.

No acumulado de 2020 a 2022, 15 unidades da Federação -14 estados e o Distrito Federal- devem registrar variação superior à do PIB brasileiro, segundo a MB.
Em São Paulo, maior economia estadual, o crescimento estimado no período é de 1,3%.
De acordo com as previsões, três unidades da federação devem repetir o leve avanço de 0,5% do indicador brasileiro. São as seguintes: Roraima, Piauí e Paraíba.

Por fim, nove estados tendem a ficar abaixo do PIB nacional no acumulado de 2020 a 2022. Desses nove, quatro devem apresentar recuo no indicador, sinaliza a consultoria. São os seguintes: Alagoas (-1,4%), Acre (-0,9%), Ceará (-0,7%) e Bahia (-0,2%).
Vale aponta que as restrições geradas pela Covid-19 prejudicaram estados com grande peso de serviços presenciais. Membros do Nordeste fazem parte dessa lista.

Na região, lembra o economista, o auxílio emergencial mitigou danos iniciais da pandemia. Mas, com o fim do benefício social e a escalada da inflação no país, a recuperação do consumo tende a ficar mais complicada, conclui.
“A inflação está corroendo o poder de compra da população. Isso afeta estados com renda mais baixa”, diz Vale.

Em 2022, previsão é de 14 UFs acima do Brasil No recorte específico do ano de 2022, 14 unidades da Federação devem ter PIB com desempenho superior ao do Brasil, indica a MB.
A maior alta prevista é para o Tocantins, de 1,7%, após projeções de recuo de 1,6% em 2020 e de avanço de 4,6% em 2021.
Na sequência, aparecem Mato Grosso do Sul e Goiás. Em ambos os casos, o crescimento esperado em 2022 é de 1,4%.

Nove estados tendem a registrar variação nula neste ano, a exemplo do país. Outros quatro devem apresentar leves taxas negativas: Acre (-0,3%), Amazonas (-0,2%), Bahia (-0,2%) e Amapá (-0,1%).
Economistas avaliam que o cenário macroeconômico reúne uma série de riscos em 2022. A inflação alta vem forçando aumento nos juros, o que dificulta o consumo e os investimentos produtivos de empresas.

Além disso, há incertezas sobre a corrida eleitoral e preocupação com os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Um dos temores relacionados ao conflito no Leste Europeu é o da escassez de fertilizantes, que afetaria a agropecuária, devido à dependência brasileira das importações do produto.

Por Leonardo Vieceli