Rapaz morto após exaltar Lázaro tinha deficiência, diz mãe; família está revoltada – Mais Brasília
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Rapaz morto após exaltar Lázaro tinha deficiência, diz mãe; família está revoltada

Segundo amigo de Hamilton, jovem de 23 anos era tranquilo, apesar das postagens

Rapaz morto após exaltar Lázaro tinha deficiência, diz mãe; família está revoltada (Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

Amigos e familiares de Hamilton César Lima Bandeira, 23 anos, morto no povoado de Calumbi, próximo a Presidente Dutra, no Maranhão, estão revoltados. Ele morreu após ser alvejado por três tiros de policiais civis, que apuravam a denúncia de que o rapaz estaria exaltando – nas redes sociais – os crimes de Lázaro Barbosa, suspeito de matar uma família em Ceilândia (DF), no último dia 9, e foragido na região de Cocalzinho de Goiás. Segundo a mãe de Hamilton, ele era deficiente intelectual e tomava remédios controlados.

Naquele momento, em nota, a Polícia Civil informou que enviou equipes à residência do homem, identificado como Hamilton Cesar Lima Bandeira, pois temia que ele realizasse crimes semelhantes aos de Lázaro, já que suas postagens na internet faziam apologia ao crime e indicavam que ele aprovava os comportamentos do foragido do entorno do Distrito Federal.

Segundo a corporação, quando os policiais chegaram na casa, o rapaz estava apenas na companhia de um idoso de 90 anos e não atendeu a ordem policial, tentando atacar os agentes. Por esse motivo, a equipe efetuou disparos de arma de fogo contra o Hamilton, que ficou gravemente ferido. Ele chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu.

Familiares e amigos

A mãe do rapaz, Ana Maria Lima Dias, 41 anos, disse ao site à Ponte, que o filho tinha deficiência intelectual e tomava remédios controlados. “Ele tinha 23 anos, mas tinha mentalidade de um rapaz de 12 anos porque tinha um distúrbio mental. Ele nunca matou, nunca roubou, nunca estuprou, apenas postava essas coisas porque ele tinha problemas mentais, tenho laudos que provam isso”, informou ao veículo de comunicação. Segundo ela, o filho estava deitado quando os agentes chegaram.

Um amigo de infância de Hamilton, identificado apenas como Jardel, falou ao Mais Goiás. Segundo ele, a morte de Hamilton, foi “o mesmo que matar um aleijado que não consegue correr. Ele era deficiente intelectual”.

Jardel afirma que o amigo era tranquilo, mas sofria muito preconceito e tinha o costume de falar coisas agressivas, como colocar bombas em locais e até enaltecer Lázaro. “Mas ele era ‘de boa’”, garante.

O amigo afirma, ainda, que a postagem de Hamilton sobre Lázaro foi em um grupo de WhatsApp criado por ele, que tem cerca de 180 pessoas. “Ele era revoltado com a polícia, pois teriam agredido ele na escola, no passado. Mas isso era restrito ao WhatsApp. Ele convivia com crianças”, reforça que o jovem morto no último dia 17 não era violento.

Manifestações

Hamilton foi enterrado na última sexta (18/6). No sábado, amigos do rapaz queimaram pneus na cidade em protesto contra o ocorrido. Um novo ato é organizado para a próxima quarta (23/6).

O Mais Goiás tentou contato com a secretaria de Segurança do Maranhão pelo telefone informado no site (98 3214-3772), mas ninguém atendeu. Segundo o G1, contudo, a polícia instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do rapaz.

Nota da polícia

“A Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) informa que na última sexta-feira (17/6), após denúncias de moradores, atendeu a uma ocorrência de ameaça e apologia ao crime em uma residência no povoado de Calumbi.
Quando chegaram ao local, os policiais foram ameaçados pelo suspeito que estava de posse de uma arma branca (faca). Para conter a situação, os agentes atiraram e um dos disparos atingiu ao rapaz, que foi socorrido pelos policiais, levado ao hospital com vida, mas acabou vindo a óbito.
A Polícia Civil do Maranhão lamenta profundamente o fato e se solidariza com a família. Pontua, ainda, que um inquérito policial foi instaurado para apurar as circunstâncias da ocorrência.
Uma equipe da Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDIHPOP) está acompanhando o caso.”

Caso Lázaro

– Quarta-feira (9) – A onda de crimes tem início quando o suspeito invade uma casa em Ceilândia. Lá, ele teria matado o empresário Cláudio Vidal, 48; dois filhos dele, Gustavo Marques, 21; e Carlos Eduardo Vidal, 15; e sequestrado a mãe deles, Cleonice Marques, 43.

– Sexta-feira (11) – Polícia Militar do DF inicia buscas pelo suspeito.

– Sábado (12), à tarde – polícia encontra o corpo de Cleonice Marques. Cadáver estava próximo de um córrego na região de Sol Nascente (DF). Mulher estava nua, de bruços e apresentava cortes na região das nádegas.

– Sábado (12), à noite – Três pessoas são baleadas em uma casa na zona rural de Cocalzinho de Goiás. Suspeito teria forçado vítimas a fazer comida para ele enquanto as obrigava a fazer consumo de drogas. No local, Lázaro supostamente rouba duas armas de fogo e munições.
Feridos estão hospitalizados, dois deles em estado grave.

– Domingo (13), à tarde – Chácara é invadida em Cocalzinho de Goiás. Proprietário encontra imóvel revirado e dá falta do carro, um Corsa vermelho.

– Domingo (13), noite – veículo é abandonado na BR-070, após avistar bloqueio policial próximo à cidade de Edilândia. Suspeito foge à pé, supostamente para região de mata. Investigadores ainda não confirmaram se responsável por abandonar carro é mesmo Lázaro.
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– Segunda-feira (14), manhã – Mais policiais se juntam à operação de captura. Agora, são 210 agentes da PM-GO, PM-DF e Polícia Federal (PF) que atuam para detectar e prender Lázaro. Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodnei Miranda acompanha os trabalhos in loco.

– Segunda-feira (14), noite – Lázaro pede comida em uma chácara em Edilândia, mas diante da negativa do caseiro atira com uma pistola contra a propriedade. O caseiro, que também estava armado com uma espingarda, revida, fazendo com que o procurado fuja do local correndo a pé.

– Terça-feira (15), tarde – Moradores de uma fazenda em Cocalzinho de Goiás afirmam ter avistado Lázaro passando pela propriedade. Desesperados, eles orientam os policiais sobre o caminho que ele seguiu.

– Terça-feira (15), tarde – Três pessoas – uma mulher e duas crianças – foram mantidas reféns de Lázaro Barbosa em uma propriedade rural que fica a 5 km de distância do povoado de Edilândia. Os reféns foram libertados após troca de tiros com a polícia e o suspeito fugiu por um Rio próximo da fazenda.

– Terça-feira (15), noite – Lázaro teria retornado a uma propriedade que invadiu pela manhã em busca de alimentos. O proprietário encontrou a casa revirada e deu falta de produtos alimentícios.

– Terça-feira (15), noite – Secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda diz que equipes estão mais perto de capturar Lázaro e que não deixarão o local sem o suspeito.

– Quarta-feira (16), manhã – Secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda diz que suspeito não agiu nesta madrugada e que o cansaço será a estratégia para capturá-lo.

– Quinta-feira (17), manhã – A secretaria de Segurança Pública de Goiás informou que 20 policiais da Força Nacional vão auxiliar nas buscas por Lázaro, em Edilândia.

– Quinta-feira (17), manhã – Rodney Miranda, Secretário de Segurança de Goiás, afirmou que Lázaro está mais desgastado e cometendo mais erros.

– Quinta-feira (17), noite– Rodney Miranda, Secretário de Segurança de Goiás, confirmou que Lázaro foi visto pelo menos duas vezes e que houve pelo menos um confronto.

– Sexta-feira (18), manhã – Policiais encontraram uma vela de sete dias na região de mata de Edilândia, povoado de Cocalzinho de Goiás. O objeto, com o nome de Lázaro, foi localizado ainda na noite de quinta.

– Sexta-feira (18), manhã – Mãe de Lázaro fala pela primeira vez e pede ao filho que se entregue. Esposa do suspeito diz que ela e a filha sofrem ameaças e também pede que ele se entregue.

– Sexta-feira (18), tarde – Moradores de Girassol servem lanche a policiais e jornalistas, reconhecendo os esforços dos profissionais nas buscas por Lázaro e na divulgação de informações.

– Sábado (19), manhã – Policiais restringem para 10 km quadrados o perímetro de busca por Lázaro Barbosa. Helicópteros voltam a sobrevoar região. Forças de segurança auxiliam proprietários rurais que precisam alimentar os animais, mas estão com medo.

– Domingo (20), manhã270 policias seguem nas buscas por Lázaro.

– Domingo (20), tarde – Suspeita de Lázaro estaria em Águas Lindas é desmentida pela polícia.

– Segunda-feira (21), manhã – Lázaro Barbosa Sousa, 32, segue escondido em região de mata entre Edilândia e Girassol, em Cocalzinho de Goiás.

O procurado

A série de crimes atribuída a Lázaro Barbosa, 32, teve início em entre 8 e 9 de abril de 2020, quando ele teria invadido uma propriedade rural de Santo Antônio do Descoberto. Quatro idosos estavam no local. Um deles foi atingido com golpe de machado na cabeça, mas sobreviveu, embora apresente sequelas, segundo a Polícia Civil goiana. Os outros idosos também foram agredidos, com menos gravidade. Lá ele roubou bens e celulares que depois foram recuperados pelos investigadores. À época ele foi indiciado por crime de roubo mediante restrição da liberdade das vítimas, emprego de arma branca e por tentativa de latrocínio.