Reservatórios do Centro-Sul enchem mais do que o esperado em outubro – Mais Brasília
FolhaPress

Reservatórios do Centro-Sul enchem mais do que o esperado em outubro

A previsão é que o volume de chuvas continue acima da média

Reservatórios/Foto: Agência Brasil

Os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste encheram mais do que o esperado em outubro, como reflexo das chuvas que caíram pelo país nas últimas semanas. A previsão é que o volume de chuvas continue acima da média em novembro.

Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o nível dos reservatórios dessas duas regiões, consideradas a caixa d’água do setor elétrico brasileiro, fechou outubro em 18,2%, 1,5 ponto percentual acima do registrado no fim de setembro.

No início de outubro, o ONS esperava que os reservatórios dessas regiões fechassem o mês em 12,8%. Com a chegada das chuvas durante o mês, a previsão foi sendo revisada para cima. Na semana passada, era de 17,8%.

No Sul, o resultado do mês foi ainda melhor: alta de 23,4 pontos percentuais, com o nível chegando a 52% no fim de outubro. No início do mês, o ONS falava em 49,8%.

Os reservatórios do Norte e Nordeste tiveram queda de 14,5 e 3,9 pontos percentuais em outubro, mas o bom resultado das outras regiões fez com que o nível médio dos reservatórios do sistema interligado nacional fechasse o mês em 25,3%, alta de 1,2 ponto percentual.

Em sua programação mensal da operação, o ONS vê manutenção do cenário de recuperação nas principais bacias em novembro. No subsistema Sudeste e Centro-Oeste, o volume de chuvas deve chegar 106% da média histórica, elevando nível dos reservatórios para 18,7% no fim do mês.

No Sul, com chuvas abaixo da média, o nível deve cair a 45,6%. O Nordeste também deve ter chuvas abaixo da média, fechando o mês com 35,9% da capacidade de armazenamento de energia, queda de 0,7 ponto percentual.

A melhora do cenário reduz os riscos de apagões por falta de capacidade de atender a demanda, mas especialistas vêm alertando que a operação do sistema ainda demanda atenção, já que os níveis permanecem muito baixos, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste.

Com a recuperação, os preços da energia continuam cedendo. O custo marginal de operação, que baliza as operações do ONS, caiu 41,56% na semana passada, para R$ 94,09 por MWh (megawatt-hora). O preço de liquidação de operações no mercado livre de energia chegou à média semanal de R$ 161,22 por MWh, contra R$ 177,38 na semana anterior.

Embora a queda de preços tenha contribuído para a mudança da bandeira tarifária cobrada de clientes tarifários para o patamar amarelo, mais barata, a maior parte dos consumidores não deve ver impactos em sua conta de luz neste momento, pois o governo continua acionando todo o parque térmico disponível.

Os modelos de precificação de energia vêm sendo criticados por especialistas e grandes consumidores por não conseguirem retratar a dimensão da crise energética ao perceberem de forma mais intensa a previsão de chuvas do que o nível dos reservatórios.

O governo vem, inclusive, negociando um novo empréstimo ao setor elétrico para cobrir o rombo provocado pelo aumento dos preços dos combustíveis usados pelas térmicas, já que os R$ 14,20 por 100 kWh (quilowatts-hora) da bandeira tarifária de escassez hídrica já não paga toda a geração necessária.

Texto: Nicola Pamplona