Rio Grande do Sul confirma os dois primeiros casos da variante delta
FolhaPress

Rio Grande do Sul confirma os dois primeiros casos da variante delta

Um dos casos foi confirmado por sequenciamento genético realizado pela Fiocruz e o outro por sequenciamento parcial pelo Cevs

Imagem fotográfica do coronavírus mostrando as proteínas
Foto: Diimitri Ponikaris

O governo do Rio Grande do Sul confirmou nesta segunda-feira (19) os dois primeiros casos da variante delta do coronavírus no estado. Um dos casos foi confirmado por sequenciamento genético realizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e o outro por sequenciamento parcial pelo Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde).

Trata-se de dois moradores de Gramado, na Serra Gaúcha, sem histórico recente de viagens nacionais ou internacionais. Eles fazem parte de uma mesma cadeia de transmissão, ou seja, eram contactantes.

A Secretaria Estadual de Saúde diz que há ainda outros cinco casos suspeitos da variante delta no estado também sob investigação da Fiocruz. Uma pessoa também é de Gramado e teve contato com um dos casos confirmados, e as outras três são de municípios da região metropolitana de Porto Alegre –dois de Sapucaia do Sul, um em Esteio e um em Canoas. Os resultados devem sair ainda esta semana.

Gramado é um destino turístico procurado especialmente na temporada de inverno, o que aumenta as probabilidades de aglomeração. A cidade registrou o primeiro caso da variante gama (P.1) no estado, em fevereiro deste ano. Hoje ela é identificada na maioria dos casos em território gaúcho.

O secretário municipal de Saúde, Jeferson Moschen, afirmou em vídeo publicado em rede social da Prefeitura de Gramado que deve pedir reforço nas remessas de vacinas como medida de contenção contra a nova variante.

Enquanto Porto Alegre, que tem cerca de 1,4 milhão de habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), está vacinando pessoas na faixa de 34 anos, Gramado, com cerca de 36,5 mil moradores, vacina pessoas com 39 anos ou mais a partir desta terça.

“Todas as medidas sanitárias, de isolamento e condicionamento dos pacientes, já foram feitas. Tomamos todas as providências e até então não houve nenhuma alteração significativa, tanto no número de casos como nas questões de internações hospitalares”, disse o secretário.

“Temos um perfil de receber muitos turistas, então eles vêm com carga viral diferente da que nós estamos acostumados, com tipos de vírus diferentes. Por isso nós recebemos variantes aqui na região. Então, você que atende turista, tenha mais consciência ainda do autocuidado, de manter distanciamento, do uso da máscara e da vacina”, diz a enfermeira da vigilância em saúde, Ellen Regina Pedroso, também no vídeo da prefeitura.

“Esses casos preocupam principalmente com base no que vemos em outros países”, avalia Isaac Schrarstzhaupt, coordenador de dados da Rede Análise Covid-19. “Onde a delta chega ela se torna dominante e de forma muito rápida”.

O Cosems (Conselho das Secretarias Municipais de Saúde) se reuniu no fim da tarde para avaliar o novo cenário e diz que pode ser considerado aumento da vigilância.

Com queda na taxa de ocupação geral de UTIs nas últimas semanas, o Rio Grande do Sul registrou, nesta segunda-feira, ocupação de 72,7% nos 3.415 leitos disponíveis nas redes pública e privada (2.531 deles no SUS).
Em Gramado, segundo o painel do estado, atualizado no fim da tarde, dos 15 leitos do SUS, oito estão ocupados, enquanto na rede privada há sete pacientes para três leitos.

“O perigo de olhar só a questão de leitos é que a vacina não interrompe a transmissão, então a transmissão cresce até o ponto em que pode surgir uma nova variante”, explica Lucia Pellanda, médica, professora de epidemiologia e reitora da UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre).

“Neste momento, é muito provável que quem não está vacinado está em mais risco do que jamais esteve em toda a pandemia. Estamos começando a ter uma epidemia dos não vacinados”.