Surto de gripe provoca corrida por vacina em clínicas de São Paulo

Vírus influenza A H3N2, o mesmo associado à epidemia de gripe Rio de Janeiro

A procura por vacinas contra a gripe em clínicas particulares da cidade de São Paulo disparou nesta semana com a informação de que a capital paulista teve um crescimento de casos da doença, mesmo com as pessoas sabendo que a imunização disponível não é suficiente contra a nova cepa em circulação.

O vírus influenza A H3N2, o mesmo associado à epidemia de gripe Rio de Janeiro, está circulando na cidade de São Paulo e provoca aumento de atendimentos nos prontos-socorros e internações em hospitais públicos e privados.

Na unidade da clínica Vacinarte no Tatuapé, na zona leste, somente na quarta (15) dez doses da vacina contra a gripe foram aplicadas. “Isso é muito, já que na semana passada não havia procura alguma”, afirma a enfermeira Elaine Aparecida da Silva. Segundo ela, para comparação, em média são vendidas cinco doses diárias do imunizante contra HPV, o mais aplicado no local.

“Falamos que está rolando a cepa de 2022 e que para ela não tem vacina ainda, mesmo assim as pessoas estão vindo atrás da de 2021”, diz.

A ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacina) confirma a alta na procura nos últimos dias nos estados de São Paulo, Bahia e Espírito Santo. Segundo a entidade, a versão 2022 da vacina capaz de proteger contra o Influenza A H3N2 só deve estar disponível entre o fim de fevereiro e março do ano que vem.

Segundo o presidente da associação, Geraldo Barbosa, “o mercado privado ainda tem doses de vacina da campanha do começo de 2021, por isso pode manter a oferta de imunizante”.

Mas as doses já começam a sumir das clínicas particulares. Na unidade da Vacinarte de Perdizes, na zona oeste, a vacina contra a gripe acabou na terça (14). “E não vem mais neste ano”, avisa o enfermeiro Gabriel Henrique da Silva.

Segundo Silva, neste ano a clínica comprou 3.000 doses, sendo que muitas foram compradas por empresas para vacinarem funcionários, e as que sobraram foram vendidas “na promoção” por R$ 60. O preço normal informado era R$ 100.

Na Climuni, em Santana, na zona norte, a vacina que era vendida a R$ 130, terminou por volta das 9h30 desta quinta, segundo informado por telefone.

No Ipvacin (Instituto Paulista de Vacinação), no Jardim Anália Franco, na zona leste, no fim da manhã desta quinta (16) havia cerca de cem doses em estoque, de acordo com a enfermeira Kelly Marcelino, mas ela achava que a quantidade acabaria logo, pois as mesmas cem vacinas foram aplicadas nesta semana por R$ 50 cada, valor mais barato entre todas as dez clínicas consultadas pela reportagem nas cinco regiões da capital -R$ 130 foi o preço mais alto.

“Mesmo explicando que as doses são de 2021, as pessoas estão vindo procurar a vacina contra a gripe”, afirma a enfermeira.

De acordo com o presidente da ABCVAC, como a campanha normalmente ocorre no início do ano, no segundo semestre costuma ocorrer apenas a vacinação em crianças que completaram seis meses, por exemplo.

Segundo o enfermeiro Gabriel Henrique da Silva, a clínica de Perdizes foi procurada nos últimos dias por pessoas que por algum motivo não tomaram a vacina durante a campanha iniciada em abril.

Conforme a Secretaria de Estado da Saúde, apenas 55,5% das pessoas dos grupos prioritários tomaram a vacina de graça contra a gripe nos postos espalhados pelos municípios paulistas, apesar das várias prorrogações da campanha.

Ao todo, de acordo com o governo João Doria (PSDB), 13,1 milhões de pessoas foram vacinadas no estado contra a gripe neste ano, sendo que 10,1 milhões eram dos grupos prioritários, como idosos, grávidas, pruérperas e crianças, ou quem tem comorbidades, entre outros.

Questionada sobre a disponibilidade de doses contra a gripe nas unidades de saúde da capital, a Secretaria Municipal da Saúde não respondeu até a publicação desta reportagem.

Nova cepa Darwin, uma variante da influenza H3N2, é a responsável pela epidemia de gripe fora de época em curso em São Paulo, Rio de Janeiro, entre outros estados. O problema é que as vacinas atuais contra a gripe não estão preparadas para enfrentar essa cepa, então, não adianta correr para se vacinar agora pensando em proteção contra essa mutação.

Ainda assim, dizem especialistas, tomar a vacina é uma boa forma de estar preparado ante outras ameaças. Além do benefício individual, evitar o adoecimento é uma maneira de contribuir para aliviar a demanda por atendimento em serviços de saúde.

Mutações constantes nos vírus da gripe -os mais comuns no mundo-, que levam a novas variantes, são comuns. Consequentemente, existe a necessidade de atualização das vacinas contra a influenza.

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