Virada da vacina tem posto lotado na periferia e vazio no centro de São Paulo – Mais Brasília
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Virada da vacina tem posto lotado na periferia e vazio no centro de São Paulo

A virada da vacina aplicou quase 239 mil doses contra a Covid-19 até às 17h30 do último sábado (14/8)

Virada da Vacina SP
Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

A virada da vacina com música e atrações culturais implementada pela prefeitura para atrair jovens de 18 a 21 anos a se imunizar contra a Covid-19 reservou situações bem distintas entre o tempo de espera no centro e na periferia da cidade de São Paulo.

Enquanto a fila no posto montado pela prefeitura na Praça do Patriarca, na Sé, chegava até 15 minutos, em São Miguel Paulista (na zona leste da cidade), o tempo de espera alcançava três horas, tempo semelhante ao Mega Posto no Memorial da América Latina, na Barra Funda (zona oeste).

Segundo balanço divulgado pela prefeitura, a virada da vacina aplicou quase 239 mil doses contra a Covid-19 até às 17h30. Um novo balanço deve ser divulgado na manhã deste domingo (15/8). A expectativa é a de imunizar até 600 mil pessoas nas 34 horas do evento, que teve início às 7 de sábado e se encerra às 17h de domingo.

Por volta da uma da manhã a reportagem conversou com cinco amigos que haviam percorrido mais de 40 km entre a Brasilândia (zona norte) até conseguiram se vacinar minutos antes na unidade localizada na Praça Padre Aleixo, em São Miguel.

O recrutador Weslley Patrocínio, 25, o auditor interno Felipe Da Hora, 20, o estudante Guilherme Lima, 19, o jovem aprendiz Cesar Lima, 18, e o também estudante Caio Eduardo, 18, contaram que deixaram a Vila Brasilândia (zona norte) pouco antes das 21 horas e seguiram até o Memorial da América Latina. Lá, viram uma fila que dobrava quarteirões e decidiram acessar o aplicativo disponibilizado pela prefeitura e conhecido como filômetro, que indica a situação em cada local.

Ao indicar que um posto no Itaim Paulista havia baixa procura resolveram ir até lá. No entanto, a unidade não estava funcionando, o que fez com que fossem até São Miguel. Segundo eles, por volta das 22 horas encontraram aglomeração e desorganização. “Quando a gente chegou tinha aglomeração, mas ficamos isolados até eles arrumarem a fila”, contou Patrocínio. O posto, montado em uma igreja, encerrou as apresentações antes da chegada dos amigos. A explicação dos funcionários era para evitar incômodo aos vizinhos.

Sobre a saga para se vacinar, Cesar Lima contou, sorrindo, que tiraram de letra. “Nós já estávamos juntos, fazia tempo que não nos víamos e resolvemos ir para longe [para garantir a imunização]. Não ter [posto] perto de casa é um erro da prefeitura. Olha o tanto de jovem que tem na zona norte”.

Enquanto deixavam o local, os jovens se disseram exaustos e que iriam procurar uma lanchonete para comer.
Mais cedo, no posto montado pela prefeitura na Praça do Patriarca, quando da chegada da reportagem, por volta das 22h, cerca de 10 pessoas esperavam para serem imunizadas. Um DJ animava o ambiente. Entre aqueles que aguardavam a vez estavam Bruno Andrade, 24 anos, e sua namorada, a estudante Luisa Santos, da mesma idade, e que já havia se vacinado anteriormente. “Eu ia tomar no começo da semana, mas preferi tomar no fim de semana para não atrapalhar o trabalho”, disse o jovem.

Andrade, que atua no mercado financeiro, contou que mora em Santo Amaro (zona sul da cidade de São Paulo) e em virtude disso, se dirigiu ao posto de Interlagos. No entanto, segundo seu relato, o local estava lotado. Com isso, resolveu acessar o site da prefeitura que aponta a condição das filas nos postos de vacinação e decidiu ir até a região central. Após ser imunizado, a dupla afirmou que não iria esticar a noite, rumando direto para a casa de Luisa, em Pinheiros.

No Mega Posto montado no Memorial da América Latina (zona oeste), a fila para vacina chegava a fazer com que famílias esperassem mais de três horas dentro de seus veículos até que a imunização fosse realizada no sistema drive-thru. Durante alguns momentos, gritos e aplausos faziam parte da euforia entre jovens e seus familiares. Essa era uma das formas de mostrar a alegria de ver mais um ente imunizado contra a Covid-19.

O advogado Valdemar Donizete de Oliveira, 61, era uma das pessoas que, mesmo há muito tempo sentado dentro do carro, mostrava um sorriso no rosto. Ele, junto de sua esposa, a pedagoga Odaljisia Oliveira, 58, deixaram o Butantã por volta das 19h, para imunizar o filho, o estudante de direito Lucas Carmo de Oliveira, 21, e a namorada dele, a estudante de psicologia Fernanda Reimberg, 19. Após a dupla ser vacinada, ele aceitou falar com o Agora e demonstrar um certo alívio. “Estou maravilhado. Desde que tomei a primeira dose, meu filho falava que não via a hora de chegar a vez dele. Eu confesso que estou mais feliz do que quando tomei a minha”.