Após ataque a religiosos e CNBB, CLDF aprova moção de repúdio – Mais Brasília
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Após ataque a religiosos e CNBB, CLDF aprova moção de repúdio

Proposição, de autoria de Claudio Abrantes, trata sobre o pronunciamento de deputado estadual paulista na Alesp

CLDF
Silvio Abdon/CLDF

Na última terça-feira (19/10), a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou a moção de repúdio de autoria do deputado distrital Claudio Abrantes sobre o pronunciamento do deputado estadual Frederico D’Avila (PSL-SP), com ataque ao Papa Francisco e ao arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

Em seu discurso, realizado em 14 de outubro, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o parlamentar de SP desferiu diversas críticas aos religiosos e ainda à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Em plenário, o deputado distrital Claudio Abrantes criticou a forma de expressão do deputado da Alesp e afirmou que Frederico D’Avila despejou sobre a CNBB “todo o seu ódio, com palavras de baixo calão”.

“Ele chamou o presidente da CNBB de vagabundo, de safado. Dizendo que (os membros) são safados, hipócritas, dizendo que a CNBB não se preocupa com a vida religiosa das pessoas”, disse o parlamentar.

“Além disso, chamou o Papa Francisco de vagabundo. Tudo isso porque o bispo Dom Orlando Brandes disse que Pátria amada não é Pátria Armada”, completou.

Defesa vai além da religião

Cláudio Abrantes afirmou que seu posicionamento sobre o caso não se dá em função da sua religião (o deputado é católico) e que em outras situações teve posicionamento favorável na defesa de direitos de religiões evangélicas, espíritas e de matrizes africanas.

“É ultrajante ver um deputado subir numa Assembleia Legislativa tão antiga como a de São Paulo para vociferar ódio. O que não precisamos no País hoje são de falas como a dele”, explicou.

Por fim, Abrantes ainda defendeu o papel da CNBB e do Papa como lideranças religiosas e que dialogam com todos os setores da sociedade.

Entenda

Durante um discurso, realizado em 14 de outubro, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Frederico D’Avila (PSL-SP), atacou o Papa Francisco e o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, além da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Em diversos trechos de sua fala, o parlamentar desferiu palavras de baixo calão para nomear os religiosos. O discurso ocorreu dois dias após o arcebispo da cidade de Aparecida, em São Paulo, Dom Orlando Brandes, criticar a disseminação de notícias falsas e o armamento da população brasileira e dizer que “a pátria amada não é a pátria armada”.

“Seu safado da CNBB dando recadinho para o presidente [Bolsonaro], para a população brasileira, que a pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha. (…) Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil”, afirmou D’Ávila.

Após o ataque, a CNBB emitiu uma carta aberta direcionada ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), o deputado estadual, Carlão Pignatari, em que rejeitou as agressões e pediu reparação pelas instâncias competentes. Além disso, a Conferência diz que vai buscar reparação jurídica “pelo bem da democracia brasileira”.

Pedido de desculpas

Com a repercussão negativa do caso, Frederico D’Avila (PSL) divulgou na segunda-feira (18/10) uma “carta aberta” na qual pedia desculpas pelos insultos que fez em seu pronunciamento

“Não poderia deixar de começar esta carta pedindo desculpas pelo excesso cometido quando do meu pronunciamento na tribuna no dia 14 de outubro, inflamado por problemas havidos nos dias anteriores”, escreveu no texto.

O deputado reconheceu que o pronunciamento foi “inapropriado e exagerado”, mas fez questão de listar episódios negativos ligados a líderes católicos.