Estudo da UnB faz mapeamento do endividamento das famílias e empresas no DF – Mais Brasília
Do Mais Brasília

Estudo da UnB faz mapeamento do endividamento das famílias e empresas no DF

De acordo com os dados, no DF, boa parte dessas dívidas são de créditos habitacionais e de empréstimo com consignação em folha

Foto: Divulgação

A nova pesquisa do Observatório de Políticas Públicas do Distrito Federal (ObservaDF), projeto vinculado à Universidade de Brasília (UnB), fez um mapeamento do endividamento das famílias e empresas no Distrito Federal.

Segundo o novo relatório, 80% das famílias brasileiras estão endividadas. O estudo também mostra que 30% das famílias têm dívidas em atraso e aproximadamente 10% não terão condições de pagar. Ainda de acordo com os dados, no DF, boa parte dessas dívidas são de créditos habitacionais e de empréstimo com consignação em folha.

Andrea Cabello, pesquisadora e professora da UnB, ressalta que os dados mostram que, assim como sua estrutura produtiva é diferente na capital federal, o perfil de endividamento do DF também difere do restante das unidades federativas do país.

“Isso está relacionado com uma maior estabilidade de vínculos de empregos no DF. Devido a uma maior parcela de servidores públicos na população economicamente ativa, esses empréstimos, principalmente os com consignação em folha e os habitacionais, tendem a apresentar taxas de juros mais baixas, favorecendo aqueles que têm a oportunidade de contrair esses tipos de dívidas em detrimento daqueles que precisam recorrer a outros mecanismos de endividamento”, explica a professora.

O estudo também mostra que o tempo médio de comprometimento com dívidas é de cerca de sete meses.

“Isso significa que o endividamento compromete o planejamento anual das famílias e, possivelmente, por períodos mais longos de tempo”, afirma Cabello.

Em relação ao atraso para quitar as contas pendentes, o tempo é de cerca de dois meses, o que mostra que a renda e as despesas mensais são fortemente comprometidas por um processo de endividamento.

Outro ponto destacado, é sobre o uso de cartões de crédito. O estudo sugere que é um endividamento de caráter pró-cíclico, ou seja, quando as taxas de desemprego e demais indicadores macroeconômicos da economia vão mal, o valor dessa carteira tende a se reduzir.

Os dados também mostram que o crédito para veículos teve uma estabilidade na pandemia e uma discreta redução nos últimos anos.

“Essa redução pode estar relacionada com o encarecimento de veículos nesse período, que pode desmotivar a contratação desse tipo de endividamento”, ressalta Cabello.

Endividamento das empresas 

De acordo com o estudo do ObservaDF, assim como o padrão de endividamento das famílias, é influenciado pela estrutura produtiva do DF, o padrão de endividamento das empresas também é.

O estudo mostra que muitas das empresas do DF estão endividadas por conta de financiamentos de médio e longo prazo, principalmente voltado para infraestrutura, desenvolvimento e projeto.

Observou-se também um aumento do endividamento das empresas após a pandemia de Covid-19. Segundo o Observa-DF, os dados podem ser preocupantes, considerando o aumento recente do custo do crédito no país.

“Dessa forma, é importante a atenção para esse aumento de custo de endividamento e seu efeito sobre a retomada das atividades produtivas, de modo que ele não dificulte ainda mais esse desempenho”, afirma Andrea Cabello.

Pesquisadores

A equipe do ObservaDF conta com os pesquisadores: Lúcio Remuzat Rennó Junior, Ana Maria Nogales Vasconcelos, Andrea Felippe Cabello, Frederico Bertholini e Guilherme Viana.