Paciente denuncia fechamento da ala oncológica do Hospital Sarah Kubitschek – Mais Brasília
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Paciente denuncia fechamento da ala oncológica do Hospital Sarah Kubitschek

Hospital nega acusação e afirma: "Nenhum contrato da Rede Sarah com o Ministério da Saúde foi cancelado"

Foto: Ada Guimarães/arquivo pessoal

Circula nas redes sociais um vídeo-desabafo de uma paciente oncológica chorando e alegando que o Hospital Sarah Kubitschek, um centro de referência no tratamento de câncer em Brasília, vai fechar. A mulher é Ada Guimarães. Com um tipo de câncer raro descoberto ainda em 2013, aos 26 anos, ela se trata no Sarah desde aquela época até os dias atuais.

Com a doença relativamente controlada, mas em pânico com o que diz ter presenciado, ela resolveu denunciar o hospital. À reportagem do Mais Brasília, Ada fez o seguinte relato:

“Sou Ada Guimarães, tenho câncer no fêmur com meta pulmonar bilateral e me trato no Hospital Sarah Kubitschek desde 2014. Consegui controlar a doença porque Deus e o tratamento de ponta do Sarah me ajudaram até aqui. Mas estamos todos nós, pacientes, desesperados. Porque o Sarah Kubitschek vai fechar as portas. E eles não irão falar à imprensa, soltar uma nota oficial porque lá é tudo muito melindroso”.

E continua: “Tenho 33 anos e luto contra o câncer desde os 26. Sou paciente oncológica, mas também sou enfermeira. Atualmente estou afastada por invalidez por causa da doença. Mas conheço muito bem a realidade dos hospitais públicos”.

A paciente revela ter descoberto que o hospital está prestes a paralisar as atividades porque na última segunda-feira (05/07), um paciente foi procurá-la ao notar que após finalizar a consulta, o médico que o atendera, o desligou do programa Sarah.

E acrescenta: “Descobri, através da CGU, a existência de cortes de verbas de 2016, o Sarah não está no Plano Nacional de Combate ao Câncer porque não atende a todos os tipos de câncer. Tratam-se somente casos raros de câncer de osso, cerebral, mieloma e muscular. aí o Ministério da Saúde mandou cortar, só que o Sarah não pode abrir a boca, não pode ter nota oficial, eles não vão jogar a culpa neles mesmos”.

Ada diz ter juntado laudos de outros pacientes para comprovar o que fala. “Lá (no Sarah) nós não morremos por falta de tratamento, nós morremos por evolução natural da doença”.

Estéril por causa das inúmeras sessões de quimioterapia, Ada descobriu ano passado, 2020, uma metástase do câncer do fêmur no pulmão. Mas, para Ada, a luta dela não é somente pessoal. “Os pacientes dependem de mim e eles vão morrer, eles vão para a fila da morte, o paciente morre na fila esperando por terapia, por tratamento”. A assessoria do Sarah encaminhou uma mensagem para Ada para responder aos questionamentos feitas por ela.

Leia a nota: 

A Rede Sarah de Hospitais é gerida pela Associação das Pioneiras, criada pela Lei Federal n. 8246/1991 como pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos. É composta por 9 hospitais que atendem 1.600.000 pacientes por ano na área de reabilitação neurológica e ortopédica. Todos os atendimentos (100%) são públicos, pelo sistema SUS.

A Rede Sarah tem um Contrato de Gestão com a União que foi renovado recentemente, para o quinquênio 2021-2025, o documento está disponível no nosso site www.sarah.br. Nenhum contrato da Rede Sarah com o Ministério da Saúde foi cancelado.

A Rede Sarah recebe pacientes oncológicos apenas na Unidade de Brasília- Centro, que estava habilitada como UNACOM. Em função da Portaria SAS/MS nº 140/2014, que regulamenta as unidades UNACOM, a Rede Sarah foi desabilitada, visto que só atende a tumores ósseos e do sistema nervoso central e para obter a habilitação teria que atender a uma gama mais ampla de casos, o que não é possível considerando a infraestrutura da Rede.

Porém, no Contrato de Gestão estabelecido com a União, é prevista a assistência a casos neurológicos e ortopédicos, o que nos permite acolher pacientes com câncer do aparelho locomotor ou do sistema nervoso central, independente de habilitação UNACOM. Em síntese , as observações do Ministério da Saúde e da CGU não afetam em nada a atenção à população oncológica atendida.

Nossa enfermaria de oncologia está em pleno funcionamento e todos os pacientes que tiverem tumores ósseos, medulares ou cerebrais podem solicitar tratamento e serão prontamente atendidos, já que os tumores são classificados como prioridade 1 no nosso sistema de regulação. A solicitação pode ser feita pelo site www.sarah.br, opções :Brasília/neurologia (cerebrais e medulares) ou /ortopedia (tumores ósseos) e serão contatados em até 3 dias pela nossa equipe para agendamento de consulta de admissão.

O que ocorreu de novo é que a Rede Sarah está recebendo uma grande demanda de pacientes para Reabilitação pós COVID, a chamada COVID Longa, que tem deixado muitas sequelas importantes neurológicas e ortopédicas.

Hoje, 30% de nossas solicitações de consulta são para o Programa de reabilitação Pós-COVID. Para atender a esta nova demanda sem deixar de assistir os casos que já eram atendidos na Rede Sarah, foi necessário uma reorganização de leitos em toda a Unidade Sarah-Centro.

Algumas enfermarias cederam leitos para outros programas para podermos acolher os casos de COVID longa. Isto ocorreu nas enfermarias de reabilitação de lesão medular, neurológica e na enfermaria de oncologia.

Alguns profissionais também foram convidados a participar desta frente COVID, mas isto não implica em cancelamento dos atendimentos de nenhum dos pacientes que a Rede vinha atendendo, nem no acesso a tratamento, independente de COVID, na nossa instituição.

Procuramos os profissionais que assinaram este relatório e eles justificaram que quando viram a desabilitação pelo UNACOM imaginaram que deveriam encaminhar e avisar aos pacientes desta desabilitação.

Informamos que o mal entendido já foi resolvido e os pacientes não receberão mais este tipo de relatório.