PMGO aponta arma e algema youtuber negro que andava de bicicleta na Cidade Ocidental – Mais Brasília
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PMGO aponta arma e algema youtuber negro que andava de bicicleta na Cidade Ocidental

Vídeo mostra abordagem policial, na qual homem não reagiu e afirmou: "estou só andando de bike, sou trabalhador"

Um vídeo de uma abordagem na Cidade Ocidental (GO), Entorno do DF, com uso excessivo de força policial viralizou nas redes sociais e gerou denúncias de racismo neste sábado (29/5). O youtuber negro Filipe Ferreira andava de bicicleta em um parque, quando dois policiais o pararam, apontaram armas de fogo e o algemaram.

As imagens mostram o momento exato em que a viatura da Polícia Militar de Goiás (PMGO) abordou Filipe, enquanto estava fazendo manobras com a bike. Os policiais saíram do carro e pediam que o jovem se afastasse da bicicleta, e quando ele perguntou o motivo, eles apontaram as armas e responderam “porque eu estou mandando”.

Depois disso, Filipe se defendeu ao afirmar que estava apenas andando de bicicleta, enquanto os PMs gritavam e ordenavam que ele colocasse as mãos na cabeça. Antes de ser revistado, o youtuber retirou a própria camisa para demonstrar que não estava armado. Em seguida, ele foi algemado, enquanto respondia “eu sou trabalhador”. O vídeo se encerra antes dos envolvidos entrarem na viatura a caminho da delegacia.

Nota

Ao Mais Goiás, a Polícia Militar alegou que está “verificando todas as informações relativas a este fato, para melhor responder a demanda”. O espaço segue aberto.

Confira as imagens do caso:

As reações ao vídeo fizeram com que os termos “Cidade Ocidental” e “Alphaville” se tornassem Trending Topics do Twitter em todo o Brasil neste sábado. Nos compartilhamentos, os usuários fazem denúncias de racismo e abordagem truculenta da Polícia.

“Alphaville” se refere ao episódio no qual um morador do bairro com este nome, em São Paulo, insulta um policial militar enquanto segura uma arma de fogo durante uma abordagem. Na ocasião, o empresário Ivan Storti, de 49 anos, foi encaminhado à delegacia, assinou termo circunstanciado e foi liberado logo em seguida.

No Instagram, Filipe postou o momento da abordagem, mas não comentou sobre a ação. Nas redes em geral, influenciadores, celebridades e políticos chamaram atenção para o racismo estrutural por trás da abordagem. “Podre. Nojento. Repulsivo. Patético. Abusivo. Revoltante”, escreveu Felipe Neto no Twitter.

“Enquanto houver racismo, não haverá nação. Revoltante”, protestou o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). “Isso é revoltante demais. Chega a doer… o tratamento, a agressividade e o fechamento. Tá tudo errado”, lamentou o rapper Rashid.

Em conversa com o Mais Goiás, Iêda Leal de Souza, presidente do Movimento Negro Unificado (MNU), disse que o vídeo mostra “a incapacidade da segurança pública”.

“É o desrespeito escancarado, a falta de habilidade e condição de estabelecer um diálogo com um jovem negro. Esse tipo de abordagem é absurda e recheada de preconceito e racismo. Aquela máxima de quem está absurdamente despreparado e quer nos atingir profundamente”, diz.

Para a presidente do MNU, é preciso cobrar das autoridades que “esse tipo de pessoa” saia das ruas. “Esses policiais precisam de tratamento. A gente não pode conviver com uma polícia assim. Não existiu nenhum tipo de padrão. Existiu ali a truculência e a falta de respeito. Nós, negros do Brasil, estamos indignados com essa postura”, acrescenta Iêda.