UnB concede, pela 1ª vez, título de doutor honoris causa a um indígena

Ailton nasceu em 1953, em Itabirinha, Minas Gerais. É membro do povo indígena krenak, que vive à margem do rio Doce

A Universidade de Brasília (UnB) concedeu, na última quinta-feira (12/), o título de Doutor Honoris Causa ao ativista indígena Ailton Krenak. A cerimônia foi realizada presencialmente, no auditório da Reitoria. O reconhecimento foi proposto pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da UnB, e foi aprovado pelo Conselho Universitário em dezembro do ano passado.

Ailton nasceu em 1953, em Itabirinha, Minas Gerais. É membro do povo indígena krenak, que vive à margem do rio Doce no Estado, e se consolidou como uma liderança histórica do movimento nacional indígena. Foi um dos fundadores da União dos Povos Indígenas, em 1988, e da Aliança dos Povos da Floresta, em 1989 – esta última ao lado de Chico Mendes.

Ele compareceu ao evento acompanhado de sua filha, Maíra Pappiani Lacerda, e da amiga Márcia Kambeba – que prestou sua homenagem ao novo doutor Honoris Causa com a apresentação de canções indígenas.

Orador da solenidade, o professor do curso de Antropologia Gersem Baniwa destacou a trajetória política e intelectual do ativista. Ele lembrou o discurso Invocação à terra, proferido por Ailton no plenário da Assembleia Nacional Constituinte, em setembro de 1987.

Enquanto discursava na tribuna, Ailton Krenak pintou o rosto com tinta de jenipapo, de cor preta, para expressar sua indignação. O ato gerou uma imagem histórica e contundente, vista e revista inúmeras vezes ao longo dos últimos 30 anos no Brasil e no mundo.

“Esta honraria, primeiro título de Doutor Honoris Causa outorgado pela UnB a uma personalidade e liderança indígena, é o reconhecimento pela incansável luta de Ailton Krenak em favor dos direitos humanos, dos direitos indígenas, da diversidade cultural e epistêmica e do livre pensar, saber e fazer”, disse Gersen Baniwa.

Após receber o diploma, Ailton agradeceu a homenagem: “Esse momento é realmente singular na minha vida, ele carrega de sentido a nossa experiência social, de sermos cidadãos. O Gersem acertou muito quando disse que é um reconhecimento amplo e coletivo. Porque eu acabei me constituindo em um sujeito coletivo”.

Com informações da UnB

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