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Em Brasília, Museu da República recebe obras da artista plástica Iracema Barbosa

Sete convidados participam com obras inspiradas no trabalho da carioca

Foto: Jean-François Erhel

O Museu Nacional da República (MuN) abre neste sábado (20) a exposição Textura de Afetos, da artista plástica Iracema Barbosa. São 60 obras de arte contemporânea que apresentam elementos das estéticas construtiva, neoconcreta e pós-minimalista, explica a curadora Renata Azambuja. Ela ainda destaca no trabalho da artista carioca em Brasília desde 2014 marcas da gestualidade oriental.

O título da exposição inspira-se na relação que Iracema mantém com a costura e com as sensações táteis que diversos materiais lhe provocam, como papéis, tecidos, madeiras. Presta tributos também a ligações de amor, solidariedade e coleguismo que a artista e professora desenvolve com colaboradores e estudantes. Iracema é docente da Universidade de Brasília (UnB), onde leciona a disciplina Teoria e Crítica da Arte no Departamento de Artes Visuais.

A artista morou 12 anos na França, onde fez doutorado em artes plásticas com a tese Poétiques de la répétition, cujas reverberações pós-minimalistas receberam a menção mais elevada da Universidade de Rennes II. Lá, ela produziu Bois de Carnaval (2003-2009), instalação com galhos, fitas de cetim, linhas de lã e seda. Iracema recolheu as madeiras caídas das árvores durante passeios pelos bosques gauleses. A obra foi exposta quatro vezes em centros culturais daquele país.

Bois de Carnaval está entre as sete obras doadas por Iracema ao acervo do MuN em 2021. Além de Bois, estarão no MuN para visitação pública Caixas (1998-2000), instalação com madeira; Les équilibristes (2005-2006), instalação com madeira pintada; e Mar da Bahia em Dia de Chuva (2006), também com madeira pintada.

Textura dos Afetos vai ocupar, no MuN, a Galeria Térreo, a Galeria 2 e o corredor que liga as duas salas. Os espaços foram rebatizados de Sala dos Alinhavos, Transparências e Combinações e Sala Corpo-cor, respectivamente. No corredor será instalado um miniateliê para práticas rápidas de intervenções em diversos papéis e tecidos, criando uma memória do processo criativo da artista. Vídeos registram os trabalhos de Iracema e depoimentos dos artistas sobre a relação com ela.

Para a exposição, artista e curadora decidiram-se pelas obras não-figurativas. “Os trabalhos que Iracema tem feito desde os anos 1990 não mais apresentam essa relação com a representação de figuras humanas ou cenas identificadas. Expressam processos íntimos”, explica Azambuja, que é licenciada em Artes Plásticas pela UnB, mestre em Teoria e História da Arte Moderna e Contemporânea pela City University (New York) e doutora em Teoria e História da Arte também pela UnB.

Artistas convidados

Sete artistas foram convidados para participar da exposição, apresentando obras próprias em diálogo com criações de Iracema Barbosa. Bárbara Paz, Cecília Lima, Gisele Lima, Gustavo Silvamaral, José de Deus, Luciana Ferreira e Romulo Barros tomam parte na mostra.

Um deles, o brasiliense Silvamaral, ex-aluno de Iracema e assistente de ateliê da artista por três anos, diz que está exultante em participar do projeto. Explica que seu trabalho, uma tela de 2016, tem relação tanto formal quanto poética com a produção da Iracema, em traços como materialidade, cor, forma e espacialidade. “Estou muito ansioso para ver a exposição montada e celebrar vida e obra dessa grande artista”, confessa o bacharel em Artes Visuais pela UnB. Foi indicado ao Prêmio Pipa em 2021 e recentemente selecionado para uma residência de dois meses na cidade do Porto (Portugal).

Outra ex-aluna, Gisele Lima apresentará na exposição um trabalho de 2023 instigado por peça de Iracema de uma década antes. Bilhetinhos de desamor e Bilhetinhos de amor experimentam com diálogos e antíteses, com repetições de palavras, de afetos e de materialidades têxteis. “O aprofundamento no têxtil e no afeto são pesquisas que iniciei sob orientação da Iracema e que seguem sendo o cerne da minha produção artística”, diz. “Tenho especial interesse em explorar como afetos se materializam em pontos, fios e tramas, ao mesmo tempo em que estes se transmutam em corpos e vivências.”

Serviço

Nova exposição
Textura de Afetos
Curadoria de Renata Azambuja
Galeria Térreo e Sala 2
Abertura em 20 de maio, às 16h

Continuam
Pedro – Retrospectiva de Pedro Ivo Verçosa
Curadoria de Ralph Gehre
Galeria Principal
Até 25 junho

Aqui estou – Corpo, paisagem e política no acervo do Museu Nacional da República
Curadoria de Sabrina Moura
Mezanino
Até 2 de julho