Dólar cai a R$ 4,66 e cotação volta ao pré-pandemia – Mais Brasília
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Dólar cai a R$ 4,66 e cotação volta ao pré-pandemia

Os principais mercados europeus fecharam em alta

Foto: Reprodução

O dólar fechou esta sexta-feira (1º/4) em queda de 1,99%, a R$ 4,6660, a menor cotação desde os R$ 4,6470 de 10 de março de 2020, véspera da data em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a pandemia de Covid-19.

No acumulado desta semana, a divisa americana recuou 1,70%, um dia após ter encerrado o primeiro trimestre de 2022 com um tombo de quase 15%, o maior para um período de três meses desde junho de 2009.

Na Bolsa de Valores brasileira, o índice de referência Ibovespa fechou em alta de 1,31%, a 121.570 pontos. A alta distribuída em diversos setores do mercado de ações do país compensou a queda de 1,32% da Petrobras em um dia de desvalorização do petróleo.
O pregão desta sexta levou o Ibovespa à maior pontuação em oito meses. O indicador havia fechado em 122.056 pontos em 11 de agosto de 2021.

A alta da Bolsa e a queda do dólar são majoritariamente atribuídas ao crescimento do interesse de investidores estrangeiros pelo Brasil.
Na renda fixa, a demanda é explicada pelo ganho que os juros oferecem sobre a inflação em comparação a outros países. Com uma taxa básica de 11,75% ao ano, com previsão de chegar a 12,75%, o real oferece um dos melhores retornos de juros entre as economias emergentes.

“O real continua se fortalecendo com a forte entrada de investimentos estrangeiros no Brasil motivada pelos juros mais altos em dois dígitos por aqui”, disse o analista Rob Correa.
Já no mercado de ações doméstico, o país possui papéis considerados baratos e com potencial de valorização, principalmente no setor de matérias-primas, pelo qual o Brasil exporta produtos similares aos comercializados pela Rússia, que enfrenta sanções por ter invadido a Ucrânia.

Nesta sexta, porém, a B3, a Bolsa de Valores do Brasil, anunciou uma revisão que derrubou em R$ 27 bilhões o saldo acumulado de capital estrangeiro entrante no mercado acionário do país em 2022. Com isso, o acumulado deste ano caiu de R$ 91 bilhões para R$ 64 bilhões, aproximadamente.

Os principais mercados europeus fecharam em alta, apesar das preocupações envolvendo a guerra no leste do continente. A Rússia acusou a Ucrânia de conduzir um ataque aéreo a um depósito de combustível em Belgorod, no que seria a primeira ofensiva ucraniana desse tipo desde o início da guerra que chega a seu 37º dia.
Londres, Paris e Frankfurt subiram 0,30%, 0,37% e 0,22%, nessa ordem.

Em Nova York, o mercado americano de ações fechou em leve alta após um dia de oscilações. O indicador de referência S&P 500 subiu 0,34%. Os índices Dow Jones e Nasdaq avançaram 0,40% e 0,29%, respectivamente.
A oscilação nos Estados Unidos se deu em uma sessão em que investidores avaliaram dados que revelaram que o desemprego no país recuava para perto do nível anterior ao início da pandemia, com uma taxa de desocupação na casa dos 3,5%.

Postos de trabalho em abundância sinalizam que a economia americana ganha força com a retomada das atividades, mas também reforçam a expectativa de que a inflação deve ganhar impulso, forçando o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) a acelerar o aumento dos juros de referência no país, segundo Michael Antonelli, estrategista da Baird.

“O mercado de trabalho está muito forte. Por que esses dados não estão sendo mais comemorados? É apenas porque a inflação toma conta de tudo”, disse Antonelli, ao The Wall Street Journal.
Empresas dos Estados Unidos criaram 431 mil empregos em março. A taxa de desemprego caiu de 3,8% para 3,6%. É a 11ª vez consecutiva que o país cria mais de 400 mil vagas mensais, o que representa o maior período de crescimento desde 1939.

Apesar de robusto, o dado de criação de empregos ficou abaixo das estimativas de 490 mil, amenizando o pessimismo quanto a uma possível elevação muito agressiva dos juros pelo Fed.
No mercado de petróleo bruto, o barril do Brent recuava 3,13%, a US$ 104,53 (R$ 491,06) no final da tarde, depois de ter caído 4,88% na véspera.

A queda da commodity é uma reação do mercado a um potencial aumento da oferta um dia após a administração de Joe Biden ter anunciado um plano para liberar aproximadamente um milhão de barris de petróleo por dia das reservas estratégicas dos Estados Unidos.

Até 180 milhões de barris poderiam ser liberados durante seis meses. O plano é usar as reservas para combater a inflação dos combustíveis, que foi acelerada pela forte valorização da matéria-prima a partir do início da invasão da Rússia à Ucrânia.

A valorização do petróleo no último mês, atingindo as cotações máximas desde 2008, é um dos principais sintomas sobre a visão do mercado de que as sanções à Rússia, um dos principais exportadores, podem reduzir a oferta por um longo período, dando fôlego para a alta da inflação global.

Por Clayton Castelani