Dólar cai a R$ 5,15 e Bolsa amplia temporada de ganhos – Mais Brasília
FolhaPress

Dólar cai a R$ 5,15 e Bolsa amplia temporada de ganhos

O Brasil está atraente para investidores estrangeiros

Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

Os negócios no mercado financeiro brasileiro nesta quarta (16/2) apontavam para o prolongamento dos ganhos da Bolsa de Valores e aprofundamento da queda do dólar. Taxa de juros elevada e ativos domésticos baratos explicam esse movimento.

O Brasil está atraente para investidores estrangeiros, que buscam lucros em economias emergentes enquanto aguardam sinais mais claros sobre como países desenvolvidos lidarão com a inflação.

Como pano de fundo, as tensões envolvendo Rússia e Ucrânia ampliam as preocupações sobre a escalada global de preços. Uma guerra na Europa ou mesmo um impasse diplomático pode prejudicar o fornecimento de petróleo e gás natural russo, justamente em um momento em que a baixa oferta desses insumos é uma das principais fontes de pressão inflacionária.

Às 12h10, o dólar comercial era vendido a R$ 5,1480, pouco depois de ter recuado à mínima de R$ 5,1430. Se a divisa americana encerra o dia neste patamar, ela terá a menor cotação desde 29 de julho de 2021 -há quase sete meses-, quando fechou o dia valendo R$ 5,079.

O Ibovespa subia 0,41%, a 115.309 pontos. É a sétima alta diária consecutiva do índice de referência do mercado acionário brasileiro. O indicador também está caminhando para a sexta semana no azul e, além disso, poderá atingir nesta quarta um ganho anual acumulado na casa dos 10%.

“Esse apetite pelos ativos locais deve seguir comprimindo os prêmios de risco, o que deve reduzir a cotação do dólar”, comentou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.
No mercado financeiro, prêmio de risco é o termo utilizado para descrever o retorno que investidores exigem para aplicar em renda variável em relação aos rendimentos de referência de renda fixa, que são considerados seguros por oferecer certa previsibilidade.

No contexto global, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos são as aplicações mais seguras. Mas eles oferecem atualmente um retorno ruim. As taxas de juros por lá estão zeradas e a inflação é a maior em 40 anos. Isso significa que o rendimento é negativo.

Os investimentos em ações do mercado acionário americano também passam por um momento pouco favorável. Bolsas estão em queda após anos de valorização.

Grandes investidores estão reduzindo aplicações em ativos que estão muito valorizados enquanto aguardam sinais mais claros sobre o desenrolar da crise entre Rússia e Ucrânia e, principalmente, sobre as medidas que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá adotar para combater a maior inflação nos Estados Unidos em quatro décadas. Esses investidores querem saber o quanto o Fed irá subir a sua taxa de juros.

Se os juros americanos saírem do zero para uma taxa anual relativamente alta em um intervalo de poucos meses, há o risco de que investidores deixem de aportar recursos no Brasil e em outros emergentes para faturar com a alta dos títulos do Tesouro dos EUA.

Nesta quarta, as ações americanas operavam em baixa enquanto o mercado aguardava a divulgação da ata da reunião mais recente do Fed.
Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuavam 0,56%, 0,66% e 1,22%, respectivamente.
No mercado de petróleo, o barril do Brent subia 2,24%, a US$ 95,37 (R$ 494,73). A commodity segue há algumas semanas rondando as maiores cotações registradas desde 2014.

Por Clayton Castelani