Frigoríficos têm forte queda na Bolsa após sinalizações da Europa – Mais Brasília
FolhaPress

Frigoríficos têm forte queda na Bolsa após sinalizações da Europa

Comissão Europeia propôs proibir importação de produtos ligados ao desmatamento

Foto: Reprodução

As ações das empresas frigoríficas fecharam em queda na Bolsa de Valores nesta quarta-feira (17), após proposta da Comissão Europeia de proibir a importação de produtos do agronegócio considerados fortemente ligados ao desmatamento e à degradação florestal.

Os papéis da Minerva lideraram as perdas, com baixa de 3,34%, negociados a R$ 8,67, enquanto as ações da JBS recuaram 1,73%, a R$ 36,35.
Já as ações da Marfrig tiveram desvalorização de 1,09%, cotadas a R$ 25,43, e as da BRF recuaram 0,62%, a R$ 22,49. O Ibovespa fechou com queda de 1,39%, aos 102.948 pontos.

A Comissão Europeia propôs nesta quarta (17) proibir a importação de produtos do agronegócio considerados fortemente ligados ao desmatamento e à degradação florestal, entre eles algumas das commodities mais exportadas pelo Brasil, como soja e carne bovina.

Segundo Paschoal Paione, gestor de commodities da Garin Investimentos, o anúncio da Europa pesa ainda mais para as ações do setor, que já vinham sob pressão desde meados de outubro, após a China manter o veto à compra de carne brasileira.
“A Minerva tem uma queda mais acentuada por ser a maior exportadora de bovinos com originação no Brasil”, diz Paione.

Ele lembra que a Marfrig tem sua planta baseada nos Estados Unidos, e a JBS e a BRF têm o negócio mais diversificado nas frentes de suínos e aves.
“Nossa Bolsa de Valores está passando por uma fase de realização, decorrente das incertezas políticas e econômicas, e com o investidor com foco no risco fiscal. Esta situação amplia a aversão ao risco”, afirma Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

“Temos cerca de 2,5 milhões de pecuaristas, e nenhum dos três frigoríficos faz um bom monitoramento dos seus fornecedores indiretos, o que pode ser um problema, porque podem acabar produzindo gado em áreas consideradas de desmatamento, que é justamente o que a Europa não quer”, diz Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos.

A necessária mudança em termos de controles internos e governança necessária para as empresas se adequarem às exigências de investidores internacionais deve gerar uma elevação nos custos das empresas, com pressão negativa para a lucratividade das operações, prevê Crespi.

Resultados de uma auditora de 2020 do Ministério Público Federal do Pará publicados em outubro de 2021 apontaram que cerca de um terço do gado comprado pela JBS entre janeiro de 2018 e junho de 2019 teria vindo de áreas com problemas de desmatamento ou outras inconformidades.

Segundo a auditora, fábricas da JBS na região amazônica teriam comprado 940.617 cabeças de gado no período, oriundas do Estado do Pará, sendo que 31,99% apresentaram evidência de irregularidade. Isto representa mais de três vezes o índice de tolerância de 9,95% estipulado pelo MPF-PA para a auditoria de 2020.

Além disso, em julho do ano passado, a gestora global de recursos Nordea Asset Management excluiu investimentos nas ações da JBS de todos os seus fundos. O risco de desmatamento na cadeia de suprimentos, governança corporativa e medidas contra corrupção, além de saúde e segurança dos funcionários em relação à Covid-19, foram apontadas entre as razões para o desinvestimento na ocasião.

Por Lucas Bombana