Inadimplência deve continuar em alta no 2º trimestre, prevê Bradesco – Mais Brasília
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Inadimplência deve continuar em alta no 2º trimestre, prevê Bradesco

Entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos superior a 90 dias alcançou 4,4% em março de 2022

Bradesco
Foto: Reprodução

O Bradesco prevê que o índice de inadimplência do banco, que passou de 2,5% em março de 2021 para 3,2% no final do primeiro trimestre, deve manter a trajetória de alta nos próximos meses.

Segundo Octavio de Lazari Junior, presidente-executivo do Bradesco, a expectativa é que a taxa de atrasos acima de 90 dias tenha uma elevação entre 0,10 a 0,20 ponto percentual ao longo do segundo trimestre do ano, chegando a níveis próximos de 3,5%.

A alteração no mix da carteira de crédito, com uma expansão de linhas de maior spread (de forma simplificada, o lucro na operação) entre as pessoas físicas, como no cartão de crédito, contribui para o aumento do índice de atraso, afirmou Lazari, durante coletiva com a imprensa nesta sexta-feira (6).

Entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos superior a 90 dias alcançou 4,4% em março de 2022, ante 3,5% em março de 2021 e 3,8% em dezembro do ano passado.

Já para o segundo semestre, “a inadimplência deve apresentar relativa estabilidade”, comentou o executivo.

“O Bradesco conseguiu uma expansão considerável de sua carteira de crédito, porém teve crescimento consistente também da sua inadimplência, fator que consideramos crucial para o retorno sustentável de um banco, principalmente frente ao cenário macro econômico mais sensível”, diz Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.

Por volta das 11h, as ações do banco operavam em alta de 1,1%%, ante a queda de 1,2% do índice amplo Ibovespa.

O Bradesco teve um lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões no primeiro trimestre de 2022, o que corresponde a um crescimento de 4,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, e de 3,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, segundo balanço divulgado na quinta (5).

A carteira de crédito do banco chegou a R$ 834,5 bilhões ao final de março, o que equivale a uma expansão de 18,3% em bases anuais e de 2,7% na margem.

Um dos destaques do primeiro trimestre, a linha de crédito imobiliário cresceu 23,3% em 12 meses, mas Lazari afirmou que, para o restante do ano, a tendência é que o segmento não repita o mesmo desempenho, até pelo patamar em que se encontra a taxa básica de juros (Selic).

Projeções revisadas Segundo Lazari, “em vista das significativas mudanças da dinâmica dos mercados onde atuamos”, com a Guerra da Ucrânia e a pressão inflacionária em escala global, o banco promoveu uma alteração no “guidance” (projeções) de algumas métricas financeiras.

O crescimento da margem com clientes passou de um intervalo entre 8% e 12% para entre 18% e 22%, enquanto o avanço esperado da receita de prestação de serviços passou de 2% a 6% para o intervalo entre 4% e 8%.

No ambiente macroeconômico atual, os níveis de spread praticados junto aos clientes em linhas de maior risco e retorno, como cartão de crédito, cheque especial e crédito rotativo, têm superado as expectativas do banco, afirmou o executivo.

Já a estimativa para a PDD foi de R$ 15 bilhões a R$ 19 bilhões para o intervalo entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões. Em relação a despesas operacionais, o guidance passou de 3% a 7% para o intervalo entre 1% e 5%.

“O Banco Central avançou com a política monetária e esperamos ver uma desaceleração da inflação durante o ano, mas os juros devem permanecer elevados por um longo período, o que deve impedir um crescimento maior do PIB”, afirmou o presidente do Bradesco.

Por Lucas Bombana