Nubank recebe US$ 500 milhões de fundo de Warren Buffett – Mais Brasília
FolhaPress

Nubank recebe US$ 500 milhões de fundo de Warren Buffett

A injeção de capital leva o Nubank a um total de US$ 2 bilhões levantados com investidores para acelerar sua expansão

O banco digital Nubank anunciou nessa terça-feira (8/6) a extensão de uma rodada de investimentos de US$ 750 milhões (R$ 3,787 bilhões). O principal aporte, de US$ 500 milhões (R$ 2,525 bilhões), vem da Berkshire Hathaway, fundo do megainvestidor americano Warren Buffett.

A injeção de capital leva o Nubank a um total de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,1 bilhões) levantados com investidores para acelerar sua expansão desde o início do negócio. O valor de mercado da fintech é estimado em US$ 30 bilhões (R$ 151 bilhões).

Nesse novo cenário, a avaliação do valor de mercado da fintech superou o da corretora XP, com US$ 22,9 bilhões (R$ 115 bilhões), e do banco BTG (R$ 115 bilhões). Também é maior que o do Banco do Brasil, de R$ 104 bilhões. O Itaú tem valor de mercado de R$ 302 bilhões, e o Bradesco, de R$ 255 bilhões, enquanto o Santander Brasil é avaliado em R$ 170 bilhões.

“Novos investidores, como a Berkshire Hathaway, nos ajudam a acelerar a nossa missão de desburocratizar a vida das pessoas na América Latina”, afirmou o Nubank em comunicado. De acordo com a instituição, os novos investimentos colocam a fintech como “o banco digital mais valioso do mundo e uma das maiores instituições financeiras da América Latina”.

No mercado de startups, como as companhias fazem várias captações com investidores ao longo dos anos, com valores e objetivos diferentes dependendo de seu estágio de maturação, cada rodada de investimentos que a empresa recebe fica conhecida a partir de uma letra do alfabeto.

Os investimentos anunciados pelo Nubank agora integram a Série G da companhia, uma rodada iniciada em janeiro, com a captação de US$ 400 milhões (R$ 2,020 bilhões). A Verde Asset Management, gestora liderada por Luis Stuhlberger, e a Absoluto Partners, de José Zitelmann e Gustavo Hungria, se juntaram a um grupo de fundos que incluiu investidores anteriores da companhia para somar os US$ 250 milhões (R$ 1,262 bilhão) anunciados nesta terça (8) e que se somam ao aporte da empresa de Buffett.

Com os novos recursos, a rodada iniciada em janeiro soma agora US$ 1,15 bilhão (R$ 5,806 bilhões) em investimentos. É a maior captação já feita por uma startup na América Latina, superando o US$ 1 bilhão injetado na Rappi em 2019 pelo Softbank, segundo a consultoria em inovação Distrito.

Neste ano, em que o mercado de investimentos em startups no Brasil está aquecido, Loft e QuintoAndar, ambas do mercado imobiliário, fizeram a segunda e a terceira maior rodada deste mercado. As empresas levantaram US$ 525 milhões (R$ 2,8 bilhões) e US$ 300 milhões (R$ 1,15 bilhão), respectivamente.

Além disso, a captação do Nubank leva a soma do investimento feito no mercado brasileiro de startups de janeiro até agora superar tudo o que foi aplicado no setor em 2020, segundo o Distrito -o valor levantado por essas empresas em 2021, de US$ 3,9 bilhões, já equivale a 111% dos do obtido ano passado.

O Nubank afirma que, desde a sua fundação, há oito anos, se tornou o maior banco digital do mundo em número de clientes, que somam 40 milhões. Nos cinco primeiros meses do ano, recebeu mais de 45 mil novos clientes por dia.

“Estamos muito animados em anunciar estas novidades pois, com elas, a gente vai poder acelerar ainda mais nossa expansão internacional”, diz a fintech em comunicado.

Além do cartão de crédito, produto com o qual a fintech chegou ao mercado em 2013, a companhia oferece conta digital, empréstimo pessoal, produtos de investimentos (fundos da própria plataforma ou da corretora digital Easynvest, adquirida em 2020), seguro de vida, produtos para microempreendedores e serviços de pagamentos instantâneos.

A companhia diz concentrar cerca de um quarto de todas as transferências Pix do país. Além do Brasil, a companhia busca expandir seus negócios no México e na Colômbia.

Para Diego Perez, presidente da ABFIntechs (Associação Brasileira de Fintechs), diz que o aporte de Buffett chama atenção porque o investidor tem como princípio escolher empresas sólidas e que tenham perspectiva de retornos sustentáveis no longo prazo.

Perez diz acreditar que os recursos do Nubank serão usados principalmente para contratação de profissionais, o que pode vir também a partir de aquisições de empresas, dada a dificuldade para contratar programadores em um mercado competitivo, e também para a entrada em novos mercados.

A leitura de Perez é que, enquanto no Brasil a fintech atingiu uma grande fatia do mercado que estava insatisfeita com os grandes bancos ou desbancarizada, ainda é possível que encontre outras regiões em que um cenário de concentração em poucas instituições financeiras e muitos consumidores de fora se repita.

Entre os fatores que ajudam a explicar o sucesso do Nubank, Perez inclui o conhecimento sobre captação de investimentos e do sistema financeiro de seus fundadores. O colombiano David Vélez trabalhou com investimentos em startups para fundo americano antes de fundar a fintech junto à executiva Cristina Junqueira, com experiência no Itaú e o americano Edward Wiblem responsável pela infraestrutura tecnológica da empresa.

Alberto Amparo, analista de investimentos da Suno, diz que a Berkshire tende a investir em empresas consolidadas e costuma privilegiar mais a qualidade do trabalho que vem sendo feito pelos executivos delas do que tendências tecnológicas, macroeconômicas ou demográficas.

Também não é comum que Buffett invista em empresas que ainda não dão lucro. O Nubank registrou R$ 95 milhões de prejuízo no primeiro semestre de 2020, resultado que a empresa atribui a sua decisão de seguir investindo para acelerar sua expansão e conquistar mais clientes.

Para o analista, a aposta na companhia neste momento tem indicações de ter sido influenciada pelos sucessores que Buffett vem preparando para seu posto. Mesmo assim, é um voto de confiança para a fintech.

Entre os grupos que já investiram no Nubank estão o chinês Tencent, conhecido pelo superapp WeChat (aplicativo com grande número de funções) e fundos americanos como Sequoia Capital Founders Fund e Tiger Global Management. O Kaszek Ventures, de criadores da empresa de origem argentina Mercado Livre também acompanha a fintech desde seus primeiros anos.

*
VALOR DE MERCADO DE BANCOS QUE OPERAM NO BRASIL NESTA TERÇA (8), SEGUNDO DADOS DA BLOOMBERG:

– Itaú: R$ 298 bilhões​

– Bradesco: R$ 254 bilhões

– Santander Brasil: R$ 170 bilhões

– Nubank: R$ 151 bilhões (US$ 30 bilhões)

– XP: R$ 115,5 bilhões ( US$ 22,9 bilhões)

– BTG: R$ 113 bilhões

– Banco do Brasil: R$ 103 bilhões

– Banco Inter: R$ 49 bilhões

MAIORES RODADAS DE INVESTIMENTO EM STARTUPS BRASILEIRAS, SEGUNDO O DISTRITO

– Nubank – US$ 1.15 bilhões

– Loft – US$ 525 milhões

– Quinto Andar – US$ 300 milhões

– Loggi – US$ 212 milhões

– MadeiraMadeira – US$ 190 milhões

– Cloudwalk – US$ 180 milhões

– Hotmart – US$ 126 milhões
*
RAIO-X DO NUBANK

Ano de fundação – 2013
Número de funcionários – mais de 4 mil, de 37 nacionalidades diferentes
Clientes – 40 milhões, somando Brasil, México e Colômbia
Receita de intermediação financeira – R$ 2,1 bilhões (1º semestre de 2020)
Prejuízo líquido – R$ 95 milhões (1º semestre de 2020)
Investimento captado – US$ 2 bilhões (mais de R$ 10 bilhões)
Principais concorrentes – Itaú, Bradesco e Santander