Setor de serviços frustra expectativas e recua 0,2% em fevereiro

O resultado de fevereiro veio abaixo das expectativas do mercado financeiro

Em um sinal de perda de fôlego, o volume do setor de serviços no Brasil recuou 0,2% em fevereiro, na comparação com janeiro, informou nesta terça-feira (12/4) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Trata-se da segunda taxa negativa em sequência. Assim, o setor acumulou uma perda de 2% nos dois primeiros meses deste ano.

O resultado de fevereiro veio abaixo das expectativas do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 0,7%.

“Nas últimas sete informações, ou seja, desde agosto de 2021, a gente tem cinco taxas negativas e apenas duas positivas. Isso confere menor ritmo ao setor de serviços”, disse Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

Mesmo com o recuo em fevereiro, o segmento ainda está 5,4% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

O setor de serviços envolve uma grande variedade de negócios: de bares, restaurantes e hotéis a instituições financeiras, empresas de tecnologia e de transportes.

Na comparação com fevereiro de 2021, o volume do segmento assinalou a 12ª taxa positiva em sequência. O avanço foi de 7,4%, mas analistas projetavam alta maior, de 8,5%, conforme a Bloomberg.

A divulgação desta terça é a primeira após o IBGE atualizar o modelo de ajuste sazonal da pesquisa. Conforme o instituto, o procedimento é padrão em levantamentos do tipo e busca aprimorar as informações avaliadas.

Duas das cinco atividades no vermelho O decréscimo de 0,2%, na passagem de janeiro para fevereiro de 2022, foi acompanhado por duas das cinco atividades investigadas pelo IBGE.

Serviços de informação e comunicação recuaram 1,2%, e outros serviços caíram 0,9%. Assim, acumularam, respectivamente, perdas de 4,7% e de 1,3% nos dois primeiros meses de 2022.

No sentido oposto, houve avanços em transportes (2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,4%). Os serviços prestados às famílias tiveram leve variação positiva de 0,1%.

Os dois primeiros registraram o quarto resultado positivo em sequência. O último mostrou estabilidade após ter interrompido, em janeiro de 2022 (-1%), uma sequência de nove taxas positivas.

Com a chegada da pandemia, no primeiro trimestre de 2020, a prestação de serviços diversos sofreu um choque no país.

À época, o baque ocorreu porque o segmento reúne atividades dependentes da circulação de clientes, que despencou após a adoção de restrições para conter a Covid-19.

Hotéis, bares, restaurantes e eventos fazem parte da lista de negócios impactados.

O que amenizou as perdas iniciais e impulsionou o setor ao longo da crise foi o avanço de serviços ligados à tecnologia. Essas atividades tiveram demanda aquecida com as medidas de isolamento social.

No segundo semestre de 2021, os serviços de caráter presencial também passaram a apostar em uma melhora dos negócios devido ao avanço da vacinação contra a Covid-19 e à reabertura da economia.

A recuperação, no entanto, vem sendo ameaçada pelo cenário de escalada da inflação, juros mais altos e renda fragilizada. Analistas sublinham que esses fatores, em conjunto, diminuem o poder de compra dos consumidores.

Por Leonardo Vieceli

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