COI indica o que fazer com as disputas quando surgirem casos de Covid
FolhaPress

COI indica o que fazer com as disputas quando surgirem casos de Covid

Algumas modalidades preferiram outros termos para classificar a não participação de atleta ou equipe

Olimpíadas de Tóquio
Rodrigo Soldon Souza

O Comitê Olímpico Internacional (COI) preparou um plano de contingenciamento que prevê o que fazer em caso de atletas com Covid-19 na Olimpíada. O que de fato vai acontecer, porém, só as competições dirão. Em última instância, cada esporte pode se apoiar em sua própria legislação e conveniência.

Em parceria com as federações, os responsáveis pelos Jogos de Tóquio-2020, com início em 23 julho, respondem a (quase) tudo que pode ser contornado sobre o tema em um documento chamado de Sport-Specific Regulations (SSRs, ou Regulamentações Esportivas Específicas, em tradução livre), publicado em 10 de julho e disponível aqui.

Em um dos três pontos norteadores do documento, o Comitê avisa que quem receber o resultado positivo do teste diário não será rotulado como “disqualified”, desclassificado em português. Ficará para a história com o “DNS”, de “did not start”, para designar quem “não começou [a prova]”.

Algumas modalidades preferiram outros termos para classificar a não participação de atleta ou equipe. O badminton usou “withdrawn” (retirado), o judô utilizou “bye” (tchau), que é parecido com o “walk over” do tênis (o popular WO, que classifica o competidor direto), além do sincero “did not come” (não compareceu) da vela.

O segundo e o terceiro pontos do SRRs explicam que, mesmo combinando ajustes para cada disputa, quem receber o resultado positivo antes de entrar em ação, simplesmente está fora. Questão de saúde e de proteção do menor resultado alcançado pelos competidores. Como isso se dará, depende do esporte e das circunstâncias.

O documento do COI deixa explícito duas vezes no texto introdutório, antes de detalhar como será para cada um, que busca evitar atrasos. A ideia de implementar todas essas ações é “não impactar na experiência dos atletas ou atrasar as competições”. Nas duas linhas finais, reforça que “o objetivo é que todas as competições sigam em frente, como planejado no cronograma”.

O vôlei, por exemplo, prevê que caso duas equipes estejam comprometidas e não possam medir forças, os outros dois semifinalistas fazem a decisão. Em modalidades individuais e por equipes, geralmente convoca-se aquele que está melhor posicionado a seguir ou fica-se com um a menos.

Simples, mas não tanto

O atletismo tem modalidades com o cenário perfeito para o que prevê o SRRs. Mais especificamente nas que se definem em apenas uma prova e num único dia, como os 10.000 m, a maratona e a corrida de rua. A largada simplesmente fica com um a menos do que o previsto.

Algo parecido se passa com as lutas, como judô, karatê e taekwondo, que resolvem a situação de cada categoria em 24h, mas em períodos diferentes. Por se tratarem de duelos, geralmente realizam as eliminatórias pela manhã e repescagem e finais à tarde ou de noite.

Com dois ou mais dias entre a primeira e última participação do atleta, imagina-se que haja tempo hábil para detectar e substituir (ou carimbar o DNS e seus equivalentes).

Em provas de velocidade do atletismo, como os sempre tão aguardados 100 m e 200 m rasos, homens e mulheres realizam as rodadas preliminares na manhã de 31 de julho e a primeira rodada pela noite.

Retornam à pista no dia seguinte para as semifinais, às 19h15. Quem se classificar para a grande decisão, compete às 21h50. A chance de perder a briga por um pódio, mesmo classificado, é o teste diário, antes de entrar no Estádio Olímpico de Tóquio. Não há sinalização, por enquanto, de testes nos intervalos.

Outros Casos

Na natação, o reserva é quem cai na água. Como eliminatórias e finais não estão sempre no mesmo dia, há tempo para saber do teste e preparar o substituto.

No boxe, com combates se estendendo por 15 dias, as lutas não terão nem início. O rival segue para a próxima fase. Em uma eventual final, um ganha automaticamente o ouro e o outro contenta-se com a prata.
O hipismo por salto prefere ter uma final com menos equipes, sem preencher a vaga que for aberta. Se algum país com Covid-19 não puder atuar, nenhum outro o substituirá.

Visão diferente têm as provas das ginásticas artística e rítmica. Entra um atleta de outro país (dentre todos os Comitês Olímpicos Internacionais). Não se esclarece quem escolhe, se equipe ou federação. Nas disputas do individual geral ou em aparelhos, os reservas ganham uma chance.

Ciclismo de mountain bike, esgrima e triathlon resolvem as disputas em único um dia e apenas excluem o atleta. Escalada esportiva, skate e surfe, que duram mais tempo, chamam o melhor ranqueado a seguir.
No tênis e no tênis de mesa, o eliminado na quadra volta à disputa. Os resultados conquistados, porém, para efeitos de ranking, são mantidos, preservando as pontuações.

Fifa com mençaõ “especial”

Protagonista de uma disputa histórica com o COI por conta do futebol olímpico, a Fifa é a única entidade esportiva citada textualmente no documento.

A despeito da indicação geral na introdução de que, se nada der certo, as federações esportivas ainda podem se ancorar nas próprias regras e regulamentações, o texto sobre o futebol vai além.

Em somente quatro linhas, há espaço para dizer que se um time não puder competir a Fifa “irá decidir a questão por critério próprio e tomará a decisão que entender necessária”.

Nenhuma outra federação tem um registro parecido, nem a citação da sigla ou nome de quem comanda o respectivo esporte.