Falta de transporte, filas e calor adicionam tensão ao dia de votação presidencial no Chile – Mais Brasília
FolhaPress

Falta de transporte, filas e calor adicionam tensão ao dia de votação presidencial no Chile

Assim como muitos eleitores, dois candidatos à Presidência do Chile reclamaram do sistema de transporte

Urna eletrônica
Foto: Agência Brasil

Imensos engarrafamentos, conhecidos como “tacos” no Chile, incomodaram os eleitores que foram votar na região metropolitana de Santiago neste domingo (19), sob sol escaldante e calor de 36 ºC ao meio-dia. Já em regiões rurais, houve registros de dificuldades para acessar o transporte público.

“Precisa querer muito votar. Tem de enfrentar calor, transporte cheio e raro e ainda a fila no centro de votação”, disse Pau Jelman, 44, que tentava chegar ao colégio em que está registrada, no bairro de Ñuñoa.

“Primeiro levei uma hora e meia para chegar da região sul a Las Condes para transportar um casal que iria votar. Agora estou há mais de 45 minutos tentando encontrar uma alternativa para sair daqui, porque o GPS mostra as vias todas congestionadas”, afirmou o taxista Emiliano Ruben, que estava no Estádio Monumental, um dos maiores centros de votação da capital, apinhado de gente.

Assim como muitos eleitores, os dois candidatos à Presidência do Chile reclamaram do sistema de transporte neste dia de eleição. Em um áudio, o ultradireitista José Antonio Kast afirmou que em algumas regiões há poucos ônibus e fez um pedido ao governo para que disponibilize toda a capacidade do sistema para que as pessoas possam votar.
“Enquanto isso, apelo à sociedade, aos vizinhos que tenham veículos, caminhonetes, que ajudem a levar o máximo de pessoas aos locais de votação.”

Gabriel Boric, por sua vez, em uma escala do voo que fez de Punta Arenas, sua cidade-natal, onde votou, para a capital, divulgou um áudio no qual disse ter recebido diversos relatos sobre problemas no transporte público tanto na região metropolitana como na zona rural.

“Mais do que atribuir responsabilidades, o que peço é que o governo busque a solução, depois vemos o que aconteceu. Mas sabemos de lugares em que apenas 50% da frota de ônibus está funcionando. Há regiões rurais em que o transporte público simplesmente não está passando.”

A ministra do Transporte, Gloria Hutt, porém, negou uma diminuição no fluxo dos ônibus e afirmou que os veículos do transporte público estão trabalhando “como em um dia de trabalho normal”. “O que temos visto nas últimas horas é que há episódios de congestionamento, e isso afeta o transporte público.”

Hutt excluiu a possibilidade de que ônibus tenham sido tirados de circulação para impedir a mobilidade dos eleitores. “Não fizemos isso, há contratos a cumprir entre as empresas e o ministério, e estamos vigiando para que isso se cumpra”. Jaime Bellolio, porta-voz do governo, foi na mesma toada. “Estamos em um momento polarizado, estão falando mentiras. Há demora porque há muito trânsito.”

Aliado de Boric, Giorgio Jackson afirma ser “difícil que as pessoas se levantem de manhã e, com esse calor, enfrentem filas e engarrafamentos para votar”. O deputado disse que, na quinta-feira (16), fez um pedido para que o Ministério dos Transportes monitorasse as companhias e recebeu como resposta a informação de que não haveria nenhuma ação diferente do que já ocorre no dia a dia.

Ambos os candidatos votaram praticamente no mesmo horário, por volta das 9h20. Boric foi a um colégio de Punta Arenas, e Kast, a um local de votação em Paine, na região metropolitana de Santiago.

O esquerdista chegou acompanhado da namorada, Irina Karamanos, e do irmão Simón. “O sentido de responsabilidade histórica que sinto é tremendo. Estou com esperança e tranquilo, porque fizemos uma campanha limpa, sem difundir mentiras. Nesta noite, vamos respeitar o resultado, seja qual for.”

Já Kast afirmou esperar que o resultado seja “muito apertado” e disse estar “confiante de que os dados do Servel [órgão eleitoral chileno] serão corretos”. “Mas se o resultado for muito apertado, os fiscais de mesa terão um papel importante, e essa eleição poderia ser definida nos tribunais eleitorais.”

Por Sylvia Colombo