Bomba caseira atinge ato com Lula no Rio em novo ataque à pré-campanha de petista – Mais Brasília
FolhaPress

Bomba caseira atinge ato com Lula no Rio em novo ataque à pré-campanha de petista

Artefato explosivo, aparentemente feita de garrafa PET, foi lançada do lado de fora da área isolada em frente ao palanque

Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

Um ato com apoiadores do ex-presidente Lula na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, foi alvo na noite desta quinta-feira (7) de um artefato explosivo que agravou a tensão na pré-campanha do petista, alvo de seguidos episódios de ataques nos últimos meses.

A bomba caseira, aparentemente feita de garrafa PET, foi lançada do lado de fora da área isolada em frente ao palanque, antes da chegada de Lula.

Segundo a Polícia Militar do Rio, “um homem infiltrado no ato” da Cinelândia foi detido e conduzido à delegacia após ter arremessado “um artefato explosivo de festas juninas” na área cercada pelo palco.

O suspeito foi autuado em flagrante por crime de explosão. Aos policiais civis ele admitiu ter jogado uma garrafa com explosivo de festa junina e urina.

A explosão ocorreu ao lado dos banheiros químicos -e seguida de um cheiro ruim sobre a área.

Participantes se afastaram correndo do ponto onde o artefato foi jogado, que estava mais esvaziado do que o centro da praça.

Após três estampidos, a apresentadora do ato pediu calma aos espectadores. Não houve correria generalizada. Logo em seguida, foram proferidos gritos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A assessoria de Lula disse que “estouraram dois artifícios de fogos, causando barulho, jogados de fora para dentro da área do ato”. “Mas ninguém se feriu nem houve tumulto”, afirmou.

Nas últimas semanas, a campanha de Lula foi alvo de outros ataques, incluindo um cerco ao carro do petista em Campinas (SP) e um episódio com drone em Minas Gerais, além da invasão de um evento com o ex-presidente.

A Cinelândia abrigou nesta quinta sob forte esquema de segurança o primeiro palanque em praça pública desde o lançamento oficial de sua pré-candidatura à Presidência da República.

Uma área de aproximadamente 5.000 metros quadrados foi cercada na praça central da cidade, localizada próximo ao palco montado. O setor tem capacidade para 7.000 pessoas e, para acessá-lo, seria feito uma revista manual.

A área isolada ocupou toda a parte frontal do Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal até o bar Amarelinho.

A expectativa dentro do PT era que 20 mil pessoas acompanhassem o discurso do ex-presidente. O excedente ficaria fora da área de segurança, mais distante da estrutura montada.

Uma hora e meia antes do evento já havia confusão e empurra-empurra para entrar no espaço mais próximo ao palco. A medida faz parte do planejamento da segurança de Lula durante a campanha após uma série de incidentes.

Desde o lançamento de sua pré-candidatura, o ex-presidente tem privilegiado atos em locais com algum controle de acesso, como centro de convenções ou estacionamentos de estádios.

Em Salvador, Lula caminhou na rua na celebração do dia da Independência da Bahia, em 2 de julho, mas discursou no estacionamento do estádio da Fonte Nova.

A segurança do ex-presidente foi reforçada após o protesto de um bolsonarista durante o ato de lançamento das diretrizes do programa de governo da chapa Lula-Alckmin.

Ao todo, três manifestantes driblaram o esquema de segurança e entraram no salão onde ocorria o evento, restrito a convidados. Não havia detectores de metal na entrada do salão. Os cerca de 150 convidados não foram submetidos à revista.

A abordagem do manifestante, que se aproximou Lula e Geraldo Alckmin sem que fosse detido por um segurança, provocou um alerta na cúpula petista.

Após o incidente, a necessidade de novos protocolos de segurança foi discutida com o próprio candidato.

Foi a segunda vez que a estrutura de segurança foi facilmente burlada. A primeira vez aconteceu no casamento do petista, no dia 18 de maio.

Incidentes também têm ocorrido do lado de fora dos locais de eventos.

No dia 15 de junho, apoiadores de Lula foram atingidos por um líquido de forte odor lançado por um drone que sobrevoou os arredores do Unitri (Centro Universitário do Triângulo), onde horas depois Lula se reuniria com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).

Bolsonaristas têm feito cerco à agenda do ex-presidente. No dia 5 de maio, durante viagem a Campinas, eles cercaram o carro em que o petista deixava um condomínio onde tinha almoçado.

Sempre refratário a esquemas mais ostensivos de segurança, Lula tem sido convencido da necessidade de reforçar sua proteção em eventos públicos e restritos. Segundo petistas, sua segurança pessoal também ganhou reforço.

Para os grandes eventos, já há um rígido protocolo. O público é previamente cadastrado pelas delegações de partidos.

Chegando aos estádios e centros de convenções, os participantes são submetidos a detector de metal, passando, em seguida, por uma fila montada segundo ordem alfabética. Identificados, recebem pulseiras de acesso. Nos locais, é proibido o uso de cartazes cujos cabos podem ferir militantes.

O evento no Rio de Janeiro ocorre em meio à crise na aliança do PT com o PSB no estado. O PT defende que a chapa tenha apenas o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT), como candidato, alegando um acordo prévio sobre o tema. O deputado federal Alessandro Molon (PSB), porém, reivindica a vaga com apoio da Rede e PSOL, além da própria sigla.

O ato na Cinelândia é o principal foco de tensão, já que Molon e Ceciliano estarão lado a lado e irão discursar -o deputado federal, como presidente do PSB-RJ e o estadual, como pré-candidato ao Senado.

Por Italo Nogueira