Direção da PF barra promoção de delegado de caso Salles para cargo de chefia
FolhaPress

Direção da PF barra promoção de delegado do caso Salles para cargo de chefia

Franco Perazzoni comandou a operação Akuanduba, que fez buscas em endereços do ministro do Meio Ambiente

delegado Franco Perazzoni

A cúpula da Polícia Federal barrou a nomeação do delegado Franco Perazzoni para o cargo de comando da área de Investigação e Combate ao Crime Organizado na superintendência em Brasília.

A promoção de Perazzoni estava acertada e o processo para nomeação foi enviado, mas paralisado após a operação Akuanduba, comandada por ele, fazer buscas em endereços do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) em maio.

Como ele estava ocupando o cargo na superintendência do Distrito Federal, dois processos foram iniciados pelo chefe da PF no DF ao mesmo tempo: o de desligamento da atual chefia e o de promoção. A direção-geral, no entanto, deu andamento ao primeiro e segurou o segundo.

A forma como a cúpula da PF barrou a promoção foi vista por integrantes do órgão como represália ao delegado por causa da ação contra Salles.

A direção da PF foi informada da operação, mas criticou o fato de a comunicação ter sido incompleta. Também houve queixa de que a investigação não deveria estar no DF, mas sim na unidade central.

Deflagrada em 19 de maio, a Akuanduba foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que ordenou sigilo absoluto no caso até o cumprimento das medidas. A operação apurou suposto esquema de facilitação à exportação ilegal de madeira do qual Salles faria parte.

A Procuradoria-Geral da República também não foi informada com antecedência sobre os preparativos das buscas e diligências feitas pela PF.

Salles também é alvo de um inquérito que investiga sua suposta atuação para atrapalhar a apuração da maior apreensão de madeira do Brasil, feita na Operação Handroanthus.

Perazzoni é considerado um dos melhores delegados da área de ambiente da PF e é respeitado internamente. Caso fosse nomeado, ele seria o número 3 na PF do Distrito Federal e chefiaria toda a área de investigação da superintendência.

(Por Fábio Serapião e Camila Mattoso)