Ministério da Justiça recebeu mulher de suposto líder do Comando Vermelho do Amazonas – Mais Brasília
FolhaPress

Ministério da Justiça recebeu mulher de suposto líder do Comando Vermelho do Amazonas

Luciane Barbosa Farias é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Membros do Ministério da Justiça e Segurança Pública, pasta comandada por Flávio Dino, receberam neste ano a mulher de um líder do Comando Vermelho do Amazonas.

Luciane Barbosa Farias é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas. Ele é suspeito de ser um dos principais criminosos do Amazonas, sendo preso em dezembro do ano passado. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Luciane Farias esteve na pasta como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas em março deste ano. Ela se encontrou com o secretário de Assuntos Legislativos no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Elias Vaz.

Já em maio, ela esteve com Rafael Velasco, secretário da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), também vinculada ao ministério.

Vaz disse nas redes sociais que, em março deste ano, recebeu solicitação de audiência de Janira Rocha, ex-deputada estadual no Rio de Janeiro e vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal) do estado.

Na ocasião, Janira Rocha foi acompanhada por duas mães e por Luciane Farias. “Na ocasião, recebi os documentos anexos, nenhum tratando de casos ocorridos no estado do Amazonas. Quanto à Sra. Luciane, ela estava como acompanhante da advogada Janira Rocha, e se limitou a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário”, disse Vaz.

O ministro Flávio Dino negou nas redes sociais ter se encontrado com a esposa de membro do Comando Vermelho.
“Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que NÃO SE REALIZOU em meu gabinete”, disse.

Farias também se encontrou com outros parlamentares neste ano, como o deputado André Janones (Avante), que foi se defender nas redes sociais.

“Naquele 16 de março, foram em meu gabinete diversas mulheres que se apresentaram como representantes de associações civis em defesa dos direitos humanos, bem como duas mães que tiveram os filhos vítimas de crimes e aguardam por Justiça. Eu não tenho absolutamente nada a esconder”, comentou na postagem.

Deputados pediram que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, seja convocado a prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados.

“Quero saber qual a relação do ministro Flávio Dino e do Comando Vermelho. Fizemos a convocação e o pedido de impeachment do ministro da Justiça. O ministério não deveria se misturar com membros perigosos de uma organização criminosa, como o Comando Vermelho”, disse o deputado Paulo Bilynskyj, nas redes sociais.

A segurança pública vem sendo um dos pontos de atenção do governo desde que Lula assumiu. O tema passou a causar mais preocupação após estados comandados por aliados do presidente aparecerem entre os mais violentos.
A Bahia, do aliado petista Jerônimo Rodrigues, por exemplo, passou por uma onda de violência histórica em setembro, com mais de 50 mortos por PMs. O caso se transformou em um “teto de vidro” para o governo federal.

A escalada da violência no estado baiano, o avanço da letalidade policial e os sinais trocados ao lidar com governadores aliados e adversários fizeram a gestão Lula ser criticada e acusada de patinar nas crises da segurança pública, que envolvem governadores aliados e adversários.

Com a escalada da violência, Dino chegou a anunciar no início de outubro um plano de enfrentamento ao crime organizado, mas até o momento não houve um detalhamento de como a proposta será implementada.

Na mesma data do anúncio, assinou portaria para reforço da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e envio da Força Nacional ao Rio.
A falta de uma resposta mais efetiva colocou Dino na mira e reascendeu o debate acerca da divisão do Ministério da Justiça em dois, separando-o da Segurança Pública.

Por Raquel Lopes