'Tem que pegar um arcebispo para ser diretor da Petrobras?', diz Lira ao defender Pires – Mais Brasília
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‘Tem que pegar um arcebispo para ser diretor da Petrobras?’, diz Lira ao defender Pires

Deputado falou sobre o possível conflito de interesses que cerca a nomeação

Arthur Lira/Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta segunda-feira (4/4) a indicação do consultor Adriano Pires para presidir a Petrobras e criticou o que chamou de “falso moralismo” e “julgamento precipitado” que só atrapalha o país.

Ao lado do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, Lira participou de um debate sobre semipresidencialismo realizado pelo Jota. No evento, o deputado falou sobre o possível conflito de interesse que cerca a nomeação de Pires para presidir a estatal, feita pelo governo na última semana.

“A pauta da imprensa e talvez do Ministério Público é condenar o possível presidente da Petrobras, porque prestava assessoria a um grupo empresarial. Se eu sou da atividade privada, eu não posso trabalhar para nenhum grupo empresarial? Eu não posso prestar serviço?”, questionou.

“Quer dizer, você tem que pegar um funcionário público para ser diretor da Petrobras? Ou pegar um arcebispo para ser diretor da Petrobras?”, continuou Lira. “Não, você tem que colocar alguém que entenda de petróleo, alguém que entenda de gás, alguém que entenda do setor, que vá ser julgado dali para frente das ações.”

Segundo presidente da Câmara, a situação evidencia um “falso moralismo, um julgamento precipitado” nas ações que só atrapalham o país.

A indicação de Pires levantou questionamentos sobre possível conflito de interesses. Ele é sócio da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), que presta serviços a clientes e concorrentes da Petrobras, e tem defendido interesses de setores que se relacionam com a empresa, como os de energia térmica e de gás natural.

Na avaliação do Comitê de Pessoas da Petrobras, responsável por analisar as nomeações para a alta administração da estatal, há um possível conflito de interesses na indicação do consultor Adriano Pires para presidir a companhia.

A possibilidade de conflito de interesses já havia sido levantada pelo Ministério Público do TCU (Tribunal de Contas da União), que pediu na sexta-feira (1º) para que Pires só fosse nomeado após investigação da CGU (Controladoria-Geral da União) e da Comissão de Ética.

As indicações de Pires e Landim seriam avaliadas por acionistas da estatal em assembleia agendada para o próximo dia 13. Como tem maioria, o governo sozinho conseguiria aprovar, mas há o temor de que os nomes sejam vetados pelo comitê.

Em nota divulgada no início da madrugada de domingo, Landim disse que precisava focar sua atenção no comando do Flamengo e, por isso, não poderia assumir o comando do conselho de administração da Petrobras.

As duas nomeações vinham sendo questionadas pelo mercado, que apontava a proximidade dos executivos com grandes clientes da Petrobras, principalmente o empresário Carlos Suarez, dono da Termogás, empresa que atua no setor de gás natural.

Pires substituiria o general Joaquim Silva e Luna, demitido por Bolsonaro após os mega-aumentos nos preços dos combustíveis há pouco menos de um mês. Landim ocuparia o posto do almirante Eduardo Bacelar Leal Ferreira.

Por Danielle Brant