Mortes por Covid desabam em Araraquara, que reduz estruturas de atendimento – Mais Brasília
FolhaPress

Mortes por Covid desabam em Araraquara, que reduz estruturas de atendimento

Foram registrados 11 óbitos por Covid-19 neste mês no município

Sepultamento Covid-19
Foto: Jucimar

Ícone do avanço da variante gamma do coronavírus no Brasil e primeira cidade a decretar lockdown na segunda onda da pandemia, Araraquara (a 273 km de São Paulo) fechou o mês de setembro com o menor número de mortes provocadas pela doença desde julho do ano passado.
Com isso, parte da estrutura de atendimento aos infectados já foi desmontada.

Foram registrados 11 óbitos por Covid-19 neste mês no município, 4 a menos que em agosto, número que representa 8,52% das 129 mortes registradas em março, no ápice da contaminação pela variante P.1. O número é o menor desde julho de 2020, quando houve 7 mortes, e empata com agosto do ano passado.

O total de casos também despencou. Do recorde de 4.222, de junho, caiu para 833 em setembro.

Com esse cenário, apesar de seguir como polo de triagem para casos suspeitos, a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da Vila Xavier desmontou uma tenda externa que era usada como apoio na pandemia. Três consultórios extras que existiam também foram desativados.

Ao anunciar a redução da estrutura criada para o atendimento aos casos suspeitos e confirmados do novo coronavírus, o prefeito Edinho Silva (PT) afirmou que hoje há um controle maior sobre a pandemia, e que é preciso investir para atender outras necessidades da saúde.

“Até agosto, a prefeitura havia empenhado R$ 65,5 milhões na pandemia neste ano, sendo R$ 46 milhões de recursos próprios. Como a pandemia está sob controle e estamos conseguindo fazer uma gestão da pandemia, é necessário que nós comecemos a direcionar nossos recursos para outras demandas, como enfrentar a fila de diagnóstico, de cirurgia eletiva. Tudo isso ficou parado, porque toda a estrutura hospitalar e de laboratórios foi direcionada para a pandemia”, disse Edinho.

Em boletim divulgado na manhã desta quinta-feira (30), a secretária da Saúde, Eliana Honain, disse que foram confirmados 30 novos casos na cidade, num universo de 1.007 testes feitos, o que significa que 2,97% das amostras tiveram resultado positivo. Por isso, apesar da queda nos casos, as medidas de controle, como máscaras, devem ser mantidas.

“Não se esqueçam, há transmissão de coronavírus no município de Araraquara, portanto se cuidem, se protejam”, afirmou o prefeito.
Araraquara registrou, até esta quinta, 586 óbitos em decorrência do coronavírus –o último deles segunda-feira (27)–, num total de 30.328 casos.

Em fevereiro, quando foi detectada a variante gama –inicialmente identificada no Brasil– na cidade, a prefeitura adotou um primeiro lockdown. Os óbitos caíram em abril, mas voltaram a subir em maio e junho, o que motivou um novo fechamento total. Desde então, com o avanço da vacinação, as mortes caíram. De 67 em junho, recuaram para 47 em julho e 15 em agosto, até chegar às 11 de setembro.

As restrições fizeram Jair Bolsonaro (sem partido) criticar a administração do prefeito petista, que retrucou dizendo que o presidente falava inverdades.

Além dos dois lockdowns, a aceleração de casos nos primeiros meses do ano fez a prefeitura adotar barreiras sanitárias, usar um antigo motel como abrigar doentes que não tinham condições de cumprir isolamento em casa e fazer de uma igreja a extensão da UPA.

Araraquara tem 18 pacientes internados nesta quinta-feira, dos quais 5 são de outros municípios vizinhos. A ocupação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) está em 16%, cenário bem diferente do registrado entre fevereiro e março, quando o índice ficou em 100%, o que obrigou a transferência de pacientes para hospitais distantes até 389 quilômetros.

Com as alterações na estrutura, os atendimentos de Covid-19 seguirão normalmente no prédio original da UPA, que tem condições de atender 250 pessoas por dia. Em setembro, a média de atendimentos até o dia 20 foi de 117 pacientes.

Na última semana, a prefeitura permitiu, por meio de um decreto, a volta do público a eventos esportivos, com restrições e a exigência de comprovante de vacinação ou laudo de teste negativo, caso ainda não tenha recebido a segunda dose dos imunizantes.

Texto: Marcelo Toledo