Advogados e ex-administrador são alvos de operação contra grilagem de terras no DF – Mais Brasília
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Advogados e ex-administrador são alvos de operação contra grilagem de terras no DF

Organização criminosa é formada por empresários e agiotas que dedicam-se à invasão e ao parcelamento clandestino do solo urbano

Foto: Divulgação/PCDF

Policiais civis da 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) deflagraram, na manhã desta terça-feira (19/7), a Operação Non Domino para desarticular três organizações criminosas atuantes na prática de grilagem de terras, em São Sebastião. A ação contou com o apoio de equipes do Departamento de Combate à Corrupção (Decor), das Divisões de Operações Aéreas (DOA) e Operações Especiais (DOE).

Os policiais cumprem 43 mandados judiciais, dentre prisões preventivas, buscas domiciliares, buscas em empresas, em escritórios de advocacia e mandados de monitoramento eletrônico contra empresários, agiotas, advogados e agentes públicos, inclusive um ex-administrador da Administração Regional de São Sebastião.

De acordo com as investigações, duas, das três organizações criminosas identificadas, são lideradas por empresários e agiotas que, há décadas, dedicam-se à invasão e ao parcelamento clandestino do solo urbano— grilagem — em São Sebastião, auferindo lucros milionários e promovendo um complexo esquema de lavagem de dinheiro para ocultar vasto patrimônio adquirido ilicitamente.

“Para camuflar a origem criminosa de vultosas quantias ilícitas, os suspeitos utilizavam-se, principalmente de laranjas, inclusive, de um cobrador de ônibus de uma empresa local, que recebeu, em suas contas, milhões de reais nos últimos anos, além de empresas que nunca saíram do papel — popularmente conhecidas como fantasmas—, por onde escorreram cifras milionárias entre 2017 e 2021”, ressalta o delegado-chefe adjunto da 30ª DP, Ulysses Luz.

As apurações também apontaram que os envolvidos ocultaram e dissimularam a origem dos valores adquiridos por meio de investimentos em agências de veículos, academias e lojas de materiais de construção, visando reintroduzi-los ao mercado financeiro.

“Após parcelar as terras, o grupo criminoso vendia, por meio de contratos de cessão de direito, normalmente com firma reconhecida, os terrenos irregulares”, explica a autoridade policial.

Ainda, segundo o delegado, os criminosos criaram um falso cartório, em São Sebastião, para reconhecer firmas e autenticar documentos como se fosse um cartório verdadeiro.

As investigações demonstraram que os líderes do esquema recebiam apoio de agentes públicos, os quais, ao invés de cuidarem do interesse público, perverteram os valores que deveriam ser protegidos, afirma o delegado da 30ª DP, Ulysses Luz. “Ação essa tão grave quanto a atuação dos grileiros”, acrescenta.

Os investigados irão responder pelos crimes de integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro, parcelamento irregular do solo urbano e crimes ambientais. As investigações prosseguem com o objetivo de identificar novos envolvidos.

“Não se pode perder de vista os graves danos e reflexos oriundos dessas atividades criminosas. A grilagem causa o assoreamento e a contaminação de lagos e rios, levando ao aumento da impermeabilização do solo, facilitando enxurradas, enchentes e contribuindo para a crise hídrica, conforme ocorrido recentemente no DF”, finaliza o delegado-chefe adjunto da 30ª DP.