CPI do feminicídio da CLDF aprova Pacto pela Vida de Todas as Mulheres – Mais Brasília
Do Mais Brasília

CPI do feminicídio da CLDF aprova Pacto pela Vida de Todas as Mulheres

Documento, de autoria do deputado Fábio Félix (Psol) foi aprovado na manhã desta segunda-feira (10/5), com 69 recomendações ao poder público

A CPI do Feminicídio da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, por unanimidade, o relatório final do Pacto Pela Vida de Todas as Mulheres, com 69 recomendações ao poder público. A aprovação aconteceu durante reunião extraordinária da Comissão, na manhã desta segunda-feira (10/5).

O documento é fruto de 11 meses de trabalho, que envolveu dez reuniões, sendo quatro audiências e oitivas com a participação de secretários do governo do Distrito Federal (GDF) e especialistas. A Comissão foi instituída em novembro de 2019 e teve as atividades suspensas entre março e outubro do ano passado, em virtude da pandemia da covid-19.

O relator da CPI, deputado Fábio Félix (Psol), afirma que não buscaram encontrar um culpado para os casos de feminicídio no DF, mas sabe que o problema é estrutural e precisa haver soluções urgentes. “A gente pega o exemplo de 2021, nós já tivemos sete mortes e cinco constatadas como feminicídios. Das cinco constatadas, tinha denúncia prévia. A primeira já tinha algumas denúncias e medida protetiva no bolso, mesmo assim foi assassinada”, lembra o parlamentar.

Segundo o deputado, o relatório incorporou 99% das sugestões recebidas. “Eu acho que nós temos que fazer um segundo momento dessa CPI após a aprovação do relatório, percorrendo os gestores, o presidente do Tribunal de Justiça, a procuradora geral de Justiça, o governador do Distrito Federal, o próprio presidente da Câmara Legislativa para que a gente possa levar esse relatório e cobrar para que haja mudanças nas políticas públicas de enfrentamento contra a mulher no DF”, completa.

A vice-presidente da CPI, Arlete Sampaio (PT), parabenizou o trabalho da Comissão e lamentou a morte de mais uma vítima de feminicídio no Distrito Federal. No último domingo (9/5), Larissa Nascimento, 23 anos, foi morta no Condomínio Del Lago, no Itapoã. “Ela foi assassinada pelo ex-companheiro uma semana depois que tiraram as medidas protetivas e a tornozeleira, que ele fazia uso. Ela foi assassinada a golpes de taco de beisebol, e é mais um caso triste que a gente está vendo acontecer no Distrito Federal. Então, é por esse motivo para buscar e proteger as mulheres dessas agressões letais, que nós instituímos a CPI”, declarou.

Já o presidente da Comissão, deputado Cláudio Abrantes (PDT), elogiou o relatório do deputado Fábio Félix. “Eu tinha plena convicção de como terminaria essa CPI, com um relatório extremamente conciso, lúcido, muito abrangente e com um diagnóstico aprofundado do que acontece no campo do estado em relação ao feminicídio. Não com um olhar específico somente para o Poder Executivo, mas com recomendações do próprio Judiciário, Ministério Público, Câmara Legislativa”, disse.

 

Recomendações do relator

Entre as recomendações, o relator da CPI destacou a criação do Observatório do Feminicídio e do Relatório Violência Contra a Mulher e Feminicídio no DF; a instituição do Monitoramento Integrado das Medidas Protetivas de Urgência; o PL que dispõe sobre acompanhamento e assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar, após encerrado o período em Casa Abrigo.

O relatório defende ainda a derrubada do veto total do governador ao projeto de lei nº 1.210/2020, de Arlete Sampaio, que cria o Relatório Temático “Orçamento Mulheres”, com o objetivo de tornar transparente a execução orçamentária anual das despesas públicas dirigidas ao público feminino.

Fábio Félix recomendou à Secretaria da Mulher políticas públicas que incorporem noções transversais e intersetoriais de enfrentamento ao machismo, ao racismo, à lesbofobia e à transfobia, em especial na articulação de ações conjuntas com as Secretarias de Educação, de Transporte e Mobilidade Urbana, Assistência Social e Segurança Pública.