Cerrado pode dificultar buscas por Lázaro, diz bombeiro aposentado
Do Mais Brasília

Região do cerrado pode dificultar buscas por Lázaro, diz bombeiro aposentado do DF

Coronel Marcos Nascimento revela que vegetação pode ser muito traiçoeira e trazer facilidades ou empecilhos na busca do suspeito de cometer chacina em Ceilândia

Entra no décimo dia a caçada por Lázaro Barbosa, 32 anos, principal suspeito de cometer chacina no Incra 9, em Ceilândia. São mais de 200 homens das polícias civil, militar, rodoviária federal, penal e federais do Distrito Federal e Goiás envolvidas na operação que ocupam as regiões de Edilândia (GO) e Girassol (GO).

A força-tarefa fica dividida em equipes, onde agentes permanecem em pontos estratégicos e percorrem a região da mata em busca do criminoso. Nesta sexta-feira (18/6), a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) informou que policiais fecharam o cerco para localizar o acusado de triplo homicídio no DF.

O Mais Brasília conversou com o oficial aposentado do Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal (CBMDF), tenente coronel Marcos Nascimento, 45 anos, que passou oito anos atuando na área florestal, no Grupamento de Proteção Ambiental, e contou as dificuldades e as armadilhas que a região do cerrado pode oferecer durante a operação.

“O cerrado é um terreno muito traiçoeiro, se por um lado, ele oferece facilidades para encontrar um fugitivo, por ser uma vegetação rasteira em certos pontos, há arbustos mais baixos que geram uma facilidade para encontrá-lo. O cerrado também tem características que favorecem uma pessoa que está foragida. Ela encontra refúgio em matas de galeria, matas auxiliares que têm partes que são maiores, chamados de cerradões”, explica o coronel.

Nova base da força-tarefa no caso Lázaro Barbosa. Foto: Paula Coutinho/Mais Brasília

O tenente ressalta que a vegetação acidentada do cerrado pode trazer perigos escondidos para as equipes de buscas que estão atrás de Lázaro Barbosa, como buracos, pedras, terrenos pedregosos que podem causar acidentes.

“Uma pessoa que passou toda a vida praticamente vivendo no cerrado, ele tem a vantagem de conhecer muito bem a região, de conseguir se locomover sem equipamentos, de estar leve. Bem diferente de um policial que carrega o seu equipamento, tem o enfardamento, está usando o coturno. Ou seja, tem toda uma bagagem para andar”, declarou o aposentado dos bombeiros.

Buscas noturnas

O coronel Nascimento lembra que o Corpo de Bombeiros atuava muito em incêndios florestais no período noturno. No entanto, devido aos acidentes e por seguranças o combate ao fogo deixou de ser a noite. “O Lázaro não tem essa dificuldade, por estar 100% ambientado ao terreno desta região. É uma pessoa que parece não ter nada a perder, está acuado. Ele não se importa com os outros perigos do terreno acidentado, não está preocupado com isso”, disse.

“O Lázaro usa certamente a noite para se locomover entre uma área e outra. Durante o dia, ele deve permanecer escondido. Mas particularmente acredito que as forças policiais são muito competentes, tanto do DF quanto do Goiás. Há militares especializados nesse ambiente, embora não estejam todos os dias, diferente dele”, destacou o tenente.

“Eu acredito que é só questão de tempo mesmo para ele ser pego. O cerco está se fechando, eu espero que, sinceramente, ele não aproveite as facilidades do período noturno para escapar do cerco”, completou o aposentado do CBMDF.

O oficial relata que a vegetação do cerrado oferece muitos pontos de camuflagem e esconderijos, o que torna a varredura minuciosa difícil. “É uma pessoa bem adaptada a região. Mas realmente, por conta dessas dificuldades existe uma chance de fugir”.

Relembre o caso

Família Vidal, morta por Lázaro Barbosa, 32 anos. Foto: Reprodução

Lázaro Barbosa está foragido desde 9 de junho, quando assassinou com golpes de faca e tiros contra o empresário Cláudio Vidal, 48 anos e os dois filhos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Eduardo Marques Vidal, 15, em uma chácara no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em Ceilândia.

No dia da chacina, ele ainda sequestrou a esposa e mãe das vítimas, Cleonice Marques, de 43 anos. O corpo da mulher foi encontrado no dia 12 de junho, em um córrego localizado no Sol Nascente, local conhecido como Córrego das Corujas, no meio da mata entre BR-070 e a DF-180.

O Corpo de Bombeiros encontrou a vítima nua, de bruços e com diversos cortes no corpo. O laudo cadavérico apontou que Cleonice teve a orelha cortada, os cabelos cortados, foi executada com dois tiros na nuca e estava apenas de fraldas.

Após o crime contra a família Vidal, Lázaro se tornou um fugitivo da polícia. Desde então, o homem tem cometido uma sequência de crimes entre o Distrito Federal e o Goiás.